O termo dinâmica, provindo do grego dynamike, significa “forte”. Em física, a dinâmica é um ramo da mecânica que estuda o movimento de um corpo e as causas desse movimento. O movimento e suas causas: esses são os nossos interesses aqui. Não no sentido estrito da física, porém. O que nos atrai é o movimento dos corpos sim, mas também a sua relação, tensão, atração, repulsão. Tudo isso no espaço – físico e simbólico – das cidades. As dinâmicas, portanto. As forças que mantem unidos e atuantes os corpos urbanos. As cidades são formadas pelos nossos corpos. Em movimento, em descanso, velozes ou lentamente, são esses corpos que atuam incessantemente na constituição desse aglomerado que é maior do que nós próprios, que não segue as vontades individuais e cujos rumos, na maioria das vezes, somos incapazes de prever. As dinâmicas urbanas possuem padrões e tendências que, invisíveis à olho nu, podem ser captados por outras formas. É dessas formas que nos ocupamos. Através da arte, do cinema, da literatura, da publicidade e de várias outras formas de representar o espaço e os corpos urbanos é que construímos as nossas formas de ver, tentando enxergar para além do que está dado, buscando interpretar aquilo que, por vezes, é visto apenas se olharmos de forma enviesada, não direta. Foi Stendhal quem comparou o romance a um espelho que se conduz por uma estrada, afirmando que ele às vezes nos reflete o céu azul, outras vezes, a lama do caminho. A metáfora nos oferece uma perspectiva nova, expressando de forma clara a razão de optarmos, em nossas investigações, pela inserção das representações que mediam o nosso olhar: elas são esse espelho que permite que a nossa visão penetre em recantos que, sozinha, ela talvez fosse incapaz de alcançar. É no que é revelado por alguns desses reflexos que tentaremos chegar, já que serão eles os responsáveis pelo engendramento de novas construções imaginárias sobre as cidades e a vida urbana.
The term dynamic, coming from the Greek dynamike, means "strong". In physics, dynamics is a branch of mechanics that studies the movement of a body and the causes of that movement. The movement and its causes I the aim of our interest here but not in the strict sense of physics, though. The movement of bodies, but also their relation, tension, attraction, repulsion. All this in the space of cities - physical and symbolic. Therefore dynamics. The forces that hold together and have their action in the urban bodies. Cities are formed by our bodies. In movement, as fast or as slow action these bodies act continuously into a bigger cluster which is greater than ourselves, which does not follow individual wills and whose directions, most of the time are unable to predict. Urban dynamics have patterns and tendencies that can be captured in other ways. It is these forms that we occupy. Through art, cinema, literature, advertising and various other forms of representing space and urban bodies, we build the lens of seeing beyond what is given, trying to interpret what, sometimes is seen only in a biased, not direct way. It was Stendhal who compared the novel to a mirror that is pointed to a road, stating that mirror sometimes reflects to us the sky as blue other times the mud from the path; this metaphor gives a new perspective, the reason of chose the representations as measure, angle of investigations as: they are that mirror that allows our vision to penetrate into back alleys, caption corners or other angles that alone, perhaps were unable to reach. It is in what is revealed by some of these reflexes that we will try to arrive, admitting they will be responsible for trigger new imaginary constructions on cities and urban life.
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