TÓPICO ESPECIAL INTERUNIDADES EBA-IGEO/24

Paisagem-Política: patrimônio, preservação e socioespacialidades
IGG615 | Tópicos Especiais em Geografia Humana - IGEO
BAA003 | Tópicos Especiais em Paisagismo 3 - Curso de Paisagismo - EBA

Prof. Rafael Winter Ribeiro| IGEO-UFRJ
Prof. Rubens de Andrade | EBA-UFRJ
QUINTA-FEIRA, 14:00 - 17:00
LOCAL: CCMN-IGEO - Sala F2-001 | CURSO DE PAISAGISMO-EBA - Sala  616B

O CURSO

O Tópico Especial Paisagem-Política: patrimônio, preservação e socioespacialidades, ou constituído em parceria entre o Instituto de Geociências- IGEO UFRJ e o Curso de Paisagismo EBA UFRJ, coloca em discussão o cotidiano da paisagem, considerando os sintomas de um corpo social vulnerável e em descompasso com os conceitos de qualidade de vida e bem-viver. As demandas que surgem a partir das crises climáticas, políticas e, consequentemente, socioespaciais, estabelecem fronteiras entre o bem e o mau viver, entre conservação e preservação, bem como subtrair aspectos relevantes para pensar e priorizar as nossas historicidades, demonstrando, assim, que vivemos um momento peculiar da nossa história. Diante desses obstáculos, o curso pretende explorar os desafios enfrentados pelas sociedades contemporâneas em relação à qualidade de vida, no interesse de discutir e compreender a paisagem nas suas múltiplas formas de representação, sob uma perspectiva ampla e transdisciplinar.

Nesse sentido serão analisados padrões, índices, protocolos e processos que delineiam a crescente relevância do conceito de paisagem associado às políticas públicas e práticas patrimoniais, preservacionistas, socioespaciais sobretudo, levando em consideração as diferentes dimensões do VerEstar e Ser na paisagem enquanto elementos fundamentais na construção do ambiente onde habitamos. Serão abordadas questões relacionadas à produção e gestão de paisagens, com foco especial em aspectos ligados às políticas públicas e práticas urbanas, ressaltando a importância de considerar como se dão essas socioespacialidades em um tempo de crise, e como também compreender a amplitude do conceito de cidadania paisagística.

As discussões promovidas por este tópico especial pretendem fomentar a reflexão crítica sobre as interações entre paisagem, política e sociedade, incentivando a ação consciente em prol de políticas públicas mais efetivas e inclusivas. Além disso, o curso abre espaço para análises críticas que tenham o interesse de avaliar em que medida a sociedade, através de suas relações socioespaciais, compreende seu papel de ser e estar no mundo, considerando as ações políticas necessárias para a construção de paisagens inclusivas e transversais a todos os corpos sociais, não ignorando os não-humanos e os elementos abióticos que formam o ambiente que habitamos.

PROPOSTA E MÉTODO

O conceito de paisagem adquire cada vez mais destaque no que diz  respeito as diferentes práticas socioespaciais, seja como objeto de políticas públicas – projetos de intervenções urbanas, regulações, protocolos, cartas, processos de patrimonialização de lugares, projetos artísticos-culturais e paisagísticos -, seja como vetor de ações políticas e engajamento de corpos sociais que, utilizam a paisagem como um recurso político e expressão sociocultural, considerando os modus operandi distintos que por outro lado dependem tanto de sua geolocalização quanto do grupo social em questão.   Nesse sentido, as diferentes dimensões e tensões de Ver, Estar e Ser (n)a paisagem merecem especial atenção para compreender sob o ponto de vista teórico-conceitual e prático,  os diálogos, ruídos e inquietações que se estabelecem na paisagem contemporânea. 

Diante de tais particularidades e das características polissêmicas do campo do estudo da paisagem, a proposta do Tópico Especial Paisagem-Política: patrimônio, preservação e socioespacialidades coloca  em questão aspectos da produção e gestão de paisagens, em especial aspectos relacionados a formulação de políticas públicas e práticas urbanas na esfera geográfica, artístico-cultural e paisagística que estejam situadas no centro da discussão dos ideários preservacionistas, conservacionistas e historicistas destacando, em particular, a ideia de qualidade de vida e o bem-viver. 

Ao longo do curso, as questões acima mencionadas, relativas ao Ver, Estar e Ser (n)a paisagens, serão discutidas a partir da esfera geográfica, artística-cultural e da ideia de cidadania paisagística. Para tanto o curso apesenta três chaves de leitura:

(i) Os conceitos e fundamentos teóricos da paisagem considerando seus aspectos polissêmicos que atravessam distintos campos do saber; 

(ii) Perspectivas e práticas patrimoniais, planejadoras e preservacionistas;  

(iii) As relações socioespaciais e políticas que são transversais ao Ver, Estar e Ser (n)a paisagem.

METODOLOGIA

Por se tratar de uma disciplina compartilhada entre os cursos de Bacharelado e Licenciatura em geografia e Bacharelado em Paisagismo da UFRJ, aberto também a estudantes de outros cursos, a proposta metodológica pretende explorar a interdisciplinaridade da paisagem e suas múltiplas experiências possíveis. O curso visa a:

a) Construção de uma base de caráter teórico e prático a partir dos estudos do campo da paisagem;

b) Potencializar experiências sobre a paisagem em sala de aula e a partir de percursos urbanos pré-estabelecidos;

c) Produção de dossiês de distintas linguagens (textos, ilustrações, cartografia, fotografia, etc);

d) Exploração de diferentes experiências que a paisagem comporta fomentando o uso de diferentes linguagens representativas para expressar o Ver, Estar e ser (n)a paisagem

CRONOGRAMA DAS SESSÕES DE AULAS

Sessão de AulaDiaRecorte Temáticos
SESSÃO I
15AGOAPRESENTAÇAO DO CURSO | MATRIZ CONCEITUAL E METODOLÓGICA

Diálogos e debates
O céu de Brasília como patrimônio natural
MÓDULO IPAISAGEM-POLÍTICA: CONCEITOS E FUNDAMENTOS TEÓRICOS
SESSÃO II22AGOO PENSAMENTO-PAISAGEM ATRAVES DE DIÁLOGOS TRANSDISCIPLINARES
BESSE, Jean Marc. O gosto do mundo: exercícios da paisagem. Rio de Janeiro: UERJ. [Cartografar, construir, inventar – notas para uma epistemologia do encaminhamento do projeto, 149-181].

CAUQUELIN, Anne. A invenção da paisagem. São Paulo: Martins, 2007
SESSÃO III29AGOO PENSAR GEOGRÁFICO-PAISAGÍSTICO: NARRATIVAS SOCIOCULTURAIS E OS DISCURSOS POLÍTICOS SOBRE A PAISAGEM
BARBOSA, David Tavares. Cidadania Paisagística. In: Revista De Geografia, V. 35(1), 2018, p. 40–59.

LAGE, Laura Beatriz. Paisagem como modo de entender o mundo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2023.
SESSÃO IV31AGO – SÁBADOCircuito de Imersão I
SESSÃO V05AGOSEMINÁRIO I –
MÓDULO IIPAISAGEM-POLÍTICA: PRÁTICAS PATRIMÔNIAIS E O CONCEITO DE PRESERVAÇÃO EM DISPUTA
SESSÃO VI12SETENTRE O CONCEITO DE PATRIMÔNIO E AS PRÁTICAS PRESERVASIONISTAS: DIÁLOGOS INSTITUCIONAIS E AS PERSPECTIVAS DA SOCIEDADE CIVIL
GUIMARÃES, Manoel Luiz Salgado. História, memória e patrimônio. In: Revista do Patrimônio – IPHAN, no. 34, 2012 (p. 91- 112)

LIRA, Flaviana Barreto, MISHINA, Letícia Naka Cartaxo; DUTRA, Isabela Duarte; BRITO, Francelly Marry Santos. De Monumento a Sítio Histórico: debates conceituais e diálogos entre Françoise Choay e narrativas brasileiras In: Cadernos de Arquitetura e Urbanismo – Paranoá. no. 35 – Itinerários Intelectuais de Françoise Choay – Ago/Dez de 2023.
SESSÃO VII26SETRUPTURAS, DISTOPIAS E ESTRATÉGIAS PARA A CONSTRUÇÃO DA PAISAGEM: MÉTODOLOGIAS E INSTRUMENTOS PARA A PRESERVAÇÃO
CADENA, Dirceu; BRITO, Mariana Vieira de. Entre o panorâmico e recôndito nas dinâmicas paisagísticas contemporâneas. In: GEOgraphia, V. 26(56), 2024.
RIBEIRO, Rafael Winter. Paisagem. Dicionário IPHAN do Patrimônio Cultural. Rio de Janeiro: IPHAN, 2020, on-line.
SESSÃO VIII03SETSEMINÁRIO II
(Pós-graduando Convidado)
SESSÃO IX21SET – SÁBADOCircuito de Imersão II
MÓDULO IIIPAISAGEM-POLÍTICA: VER, SER E ESTAR – ASSOCIAÇÕES, TENSÕES, CONFLITOS E ACOLHIMENTOS NO AMBIENTE CONSTRUÍDO
SESSÃO X26SETHERANÇAS PATRIMONIAIS E CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS: PROTOCOLOS, CARTA PATRIMONIAIS E PACTOS SOCIAIS
RIBEIRO, Rafael Winter; CASTRO, Iná Elias; CADENA, Dirceu (Orgs.). A política da paisagem: planejamento, gestão e disputas urbanas em torno da paisagem. Rio de Janeiro: Terra Escrita, 2022
SESSÃO XI
03OUTPATRIMÔNIO-PERSERVAÇÃO NO IMAGINÁRIO URBANO: SOB O SIGNO DA CIDADANIA-PAISAGÍSTICA
SESSÃO XII
17OUTSEMINÁRIO III
(Pós-graduando Convidado)
SESSÃO XIII 29OUT – SÁBADOCircuito de Imersão III
MÓDULO IVRESULTADOS, DEBATES E DEVOLUTIVAS
SESSÃO XIV24OUTPOLÍTICA-PAISAGEM: IN SITU, IN VISU – DISPUTAS TERRITORIAIS SOB O SIGNO DAS POLÍTICAS DE GESTÃO
SESSÃO XV 31OUTSeminário IV – ORDENS DO CONHECIMENTO, TRADUÇÕES E A CRÍTICA À PAISAGEM-POLÍTICA

REFERÊNCIAS

BARBOSA, David Tavares. Cidadania Paisagística. In: Revista De Geografia, V. 35(1), 2018, p. 40–59.

BESSE, Jean Marc. O gosto do mundo: exercícios da paisagem. Rio de Janeiro: UERJ. [Cartografar, construir, inventar – notas para uma epistemologia do encaminhamento do projeto, 149-181].

CADENA, Dirceu; BRITO, Mariana Vieira de. Entre o panorâmico e recôndito nas dinâmicas paisagísticas contemporâneas. In: GEOgraphia, V. 26(56), 2024.

CAUQUELIN, Anne. A invenção da paisagem. São Paulo: Martins, 2007.

LAGE, Laura Beatriz. Paisagem como modo de entender o mundo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2023.

RIBEIRO, Rafael Winter. Paisagem. Dicionário IPHAN do Patrimônio Cultural. Rio de Janeiro: IPHAN, 2020, on-line.

RIBEIRO, Rafael Winter; CASTRO, Iná Elias; CADENA, Dirceu (Orgs.). A política da paisagem: planejamento, gestão e disputas urbanas em torno da paisagem. Rio de Janeiro: Terra Escrita, 2022

DOCENTES

Rafael Winter Ribeiro

Rubens de Andrade – Professor Associado da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Docente da Escola de Belas Artes (História da Arte e Paisagismo) e do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura – ProArq/UFRJ, Paisagista (EBA/UFRJ), Mestre em Arquitetura (ProArq –FAU/UFRJ) e Doutor em Planejamento Urbano e Regional pelo (Programa de Pós-Graduação de Planejamento Urbano e Regional-IPPUR/UFRJ). Líder no CNPq do Grupo de Pesquisas Paisagens Híbridas – GPPH-EBA/UFRJ.

Publicações Paisagens Híbridas