(Virginia Woolf, Kew Gardens, 1919).
A proposta do curso é apresentar conceitos e desenhar trajetórias históricas sobre a cultura, o cotidiano e a arte de se conceber, construir e habitar os jardins, sejam eles de prazer, utilitários ou científicos. Pretendemos destacar, neste curso, como sociedades de diferentes tempos e espaços interpretaram suas relações com a natureza, e como estas encontraram meios para percebê-la e instrumentos para moldá-la de acordo com as demandas que surgiam, tanto no campo material como no imaterial. Ao apresentar os principais estilos, as características morfológicas e tipológicas, os elementos artísticos, a ordem de usos e, ainda, os aspectos conferidos a determinados jardins na atualidade, buscamos reconhecer o seu valor patrimonial e influência cultural no contexto urbano contemporâneo. Ao longo do curso será elaborado um painel conceitual e iconográfico, destacando exemplos emblemáticos de jardins que, ao longo da história, tornaram-se uma referência no âmbito dos estudos paisagísticos e da arte de se compor jardins.
Compreender como se formou o conceito de jardim a partir do século XV até o século XIX é outro elemento central na proposta do curso. As análises desse argumento recaem tanto nos elementos formais que o caracterizam, como nas dimensões simbólicas que o estruturaram com o passar do tempo, determinando assim as relações firmadas entre sociedade e natureza. Ou seja, as concepções mitológicas, os fundamentos religiosos, as práticas cotidianas e os arranjos socioespaciais alinhados em diferentes ordens de uso e apropriação nutriram e, ainda hoje, aparentemente inspiram o resgate de elementos míticos do jardim do Éden bíblico ou dos campos elísios da Idade Clássica. Esta retomada de valores simbólicos e o resgate de alegorias e emblemas da Antiguidade relativos à natureza se revelam através dos ecos de paraísos lendários que ainda insiste em se manter presentes no imaginário coletivo da sociedade contemporânea
Portanto, ao resgatar o legado de estilos, padrões, formas e usos da arte dos jardins, o curso pretende delinear a relevância deste estudo temático considerando, em especial, a necessidade de um entendimento mais amplo no que consiste o conceito de cultura paisagística e, mais ainda, como esta perspectiva tende a se firmar como um aporte essencial para se pensar a preservação do patrimônio paisagístico e a valorização, em particular, de parques, praças e jardins públicos e privados no Brasil.
CONCEITO DO CURSO | Palestras com suporte audiovisual, leituras dirigidas e debates cujo objetivo é o de estabelecer um panorama sobre as relações entre a trajetória histórica do conceito de jardins, a paisagem e a ideia de cultura paisagística, sobretudo a inscrita na esfera das artes visuais e da cultura material produzida pela sociedade a partir de uma perspectiva transhistórica. O curso está vinculado à linha de pesquisa A forma-jardim: cultura artística e visual na paisagem, do Grupo de pesquisas Paisagens Híbridas da Escola de Belas Artes (EBA/UFRJ).
RECORTE TEMÁTICO DO MÓDULO
Dia | Sessão de Aula |
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02/MAI | Sessão I | Os ecos do paraíso: cultura paisagística através da história dos jardins. Natureza, paisagem e jardins: entrelaçamentos conceituais e o campo de estudos paisagísticos. Conceitos de paisagem e a ideia forma-jardim. |
09/MAI | Sessão II | Os jardins renascentistas e maneiristas. Fundamentos compositivos e elementos formais dos jardins nos séculos XV e XVI. As Villas Italianas: a era de ouro dos jardins privados na Europa. O jardim das quimeras: fantasia e mitologia na composição dos jardins maneiristas. O legado dos modelos italianos na cultura paisagística contemporânea. |
16/MAI | Sessão III | Jardins Barrocos Geometria, monumentalidade e simetria – instrumentos de composição da paisagem barroca. Versailles: arte e natureza como símbolos paisagísticos do poder real. A difusão do jardim francês no território europeu e na América. |
23/MAI | Parte IV | O jardim Inglês Os padrões clássicos de jardins e os novos referenciais da relação homem e natureza. A sacralização da natureza e os pintores de paisagem. Morfologia e tipologia do jardim paisagístico e seus desdobramentos na Europa e América. As influências orientais no desenho do jardim inglês. |
30/MAI | Sessão V | O Século XIX: cultura artística e visual na paisagem urbana Revivalismo estéticos e novas tecnologias na construção da paisagem urbana europeia. O ecletismo e a formação dos parques públicos europeus. A rua, o higienismo, o flaneur: os códigos sociais da modernidade a partir da inserção dos jardins públicos |
01/JUN | Sessão VI | Visita guiada aos jardins cariocas. Museu da República, Praça Paris e Passeio Público – A herança europeia na cultura paisagística carioca. |
Estrutura: Cinco sessões-aula de 120 minutos e uma visita técnica de 180 minutos.
Metodologia: Aulas expositivas, recursos audiovisuais, programa de leitura dirigida e debates.
Professor: Prof. Dr. Rubens de Andrade (Escola de Belas Artes – EBA/UFRJ).
DATAS: Quarta-feira, dia 11, 18 e 25 de abril e 02, 09 e 11* de junho de 2018.
HORÁRIO: 16h00 às 18h00.
A aula do dia 11 de maio (sábado) será de 9:30 às 12:00. Visita técnica – Circuito: Museu da República, Praça Paris e Passeio Público.
INFORMAÇÕES: paisagenshibridas@gmail.com
Investimento R$350
INSCRIÇÕES: SERÃO RECEBIDAS ATÉ O DIA 09 DE ABRIL DE 2018 Serão ofertadas 3 bolsas de 50%. Os interessados deverão encaminhar carta de intenção, justificando seu interesse pelo curso, e currículo para o e-mail: paisagenshibridas@gmail.com até 30 de março. A lista de selecionados será divulgada no site até o dia 09 de abril de 2018.
CETIFICADOS: Será conferido certificado pelo Grupo de Pesquisas Paisagens híbridas aos participantes com 75% de presença.
Realização: Grupo de Pesquisa Paisagens Híbridas (GPPH-EBA/UFRJ)
REFERÊNCIAS
HOCKE, Gustav R. Maneirismo: o mundo como labirinto. São Paulo: Perspectiva, 1974.
JELLICOE, Geoffrey; JELLICOE, Susan. El paisagem dem hombre: la conformacion del entorno desde la prehistoria hasta nuestros dias. Barcelona: Gustavo Gilli, 1995.
JONES, Stepan. A arte do século XVIII. São Paulo: Círculo do livro, 19– .
NORBERT, Elias. A peregrinação de Watteau à ilha do amor. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.
MOORE, Charles W.; MITCHELL, William J.; JR, William Turnbull. A poética dos Jardins. São Paulo: Editora
Unicamp, 2011.
MUNFORD, L. A cidade na História. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
RIBON, Michel. Arte e a natureza. São Paulo: Papirus, 1991.
PANZINE, Franco. Projetar a natureza: arquitetura da paisagem e dos jardins desde as origens até a época contemporânea. São Paulo: Senac, 2014.
SALDANHA, Nelson. O jardim e a praça. O privado e o público na vida social e histórica. São Paulo: EDUSP, 1993.
SCHAMA, Simon. Paisagem e memória. São Paulo: Cia das Letras, 2009.
SCHNECKENBURGER, Manfred. Arte do século XX. Lisboa: Tashen.
TERRA, Carlos Gonçalves. O jardim no Brasil do século XIX: Glaziou revisitado. Rio de Janeiro: UFRJ, 1996.
TERRA, Carlos G., ANDRADE, Rubens, TRINDADE, Jeanne, BRAGA, Flávia. Leituras paisagísticas: teoria e praxis – (Re)construindo a paisagem do Passeio Público: historiografia e práticas projetuais. Rio de Janeiro: EBA Publicações, v. 1.
TERRA, Carlos G., ANDRADE, Rubens, TRINDADE, Jeanne. Leituras paisagísticas: tradição e renovação: a contribuição de Glaziou. Rio de Janeiro: EBA Publicações, 2006. v. 2
Professor Associado da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Docente da Escola de Belas Artes (História da Arte e Paisagismo) e do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura – ProArq/UFRJ, Paisagista (EBA/UFRJ), Mestre em Arquitetura (ProArq –FAU/UFRJ) e Doutor em Planejamento Urbano e Regional pelo (Programa de Pós-Graduação de Planejamento Urbano e Regional-IPPUR/UFRJ). Líder no CNPq do Grupo de Pesquisas Paisagens Híbridas – GPPH-EBA/UFRJ.
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