JARDIM PERDIDO
Jardim em flor, jardim da impossessão,
Transbordante de imagens mas informe,
Em ti se dissolveu o mundo enorme,
Carregado de amor e solidão.
A verdura das árvores ardia,
O vermelho das rosas transbordava,
Alucinado cada ser subia
Num tumulto em que tudo germinava.
A luz trazia em si a agitação
De paraísos, deuses e de infernos,
E os instantes em ti eram eternos
De possibilidade e suspensão.
Mas cada gesto em ti se quebrou, denso
Dum gesto mais profundo em si contido,
Pois trazias em ti sempre suspenso
Outro jardim possível e perdido.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Proposta do Curso
Em um tempo onde o debate sobre cultura paisagística ganha visibilidade, relevância e capilaridade no campo dos estudos da paisagem, a Linha de Pesquisa A forma-jardim: cultura artística e visual na paisagem do Grupo de Pesquisas Paisagens Híbridas, que reúne uma comunidade interessada no assunto, abarca um escopo de temas que elucidam questões sobre a história dos jardins e ampliam o debate teórico relacionado à ideia do jardim como obra de arte. Tais temas estimulam a elaboração de narrativas e a formulação de vocabulários circunscritos à construção de espaços, cujos aspectos patrimoniais, nele manifestos ao longo do tempo, reforçam no cotidiano da sociedade o continuo desejo de alinhamento entre arte e natureza.
As análises em questão oscilam entre o rigor técnico e conjunto de saberes que atravessam campos disciplinares como o da Botânica, do Paisagismo, da História da Arte e dos jardins, da Arquitetura da paisagem e da Estética, mas também podem se revelar – ou não – pelo exercício do desfrute de sons, formas, cores e sabores que a natureza organizada através do jardim tem a oferecer. Portanto, a experiência estética, técnica e sinestésica, demarcada pela aproximação e pelo estar em “ambientes paisagísticos”, seja em jardins projetados ou em espaços que ainda mantém suas características originais, definem a matriz conceitual que conduzirá a proposta das sessões de aula do curso. Nesse sentido, reconhece-se a relevância de tal estatuto temático e reafirma-se, a necessidade de compartilhar saberes e propor abordagens que, entre outras questões, pretendem apresentar o legado de estilos, as formas idealizadas, os usos estabelecidos e a Arte de se fazer jardins e de se projetar ambientes paisagísticos.
A retomada de valores simbólicos e o resgate de alegorias e emblemas da Antiguidade seja européia ou dos povos originários da América relativos à natureza se revelam através dos ecos de paraísos lendários que aparentemente, ainda se manter presentes no imaginário coletivo da sociedade contemporânea.
A proposta do curso livre Ecos do Paraiso, portanto, renova o interesse em traçar percursos históricos e visuais sobre a cultura paisagística, tendo em vista trabalhar conceitos da arte de idealizar jardins assim como, analisar a sua concepção e os usos de espaços paisagísticos emblemáticos que se tornaram referência no estudo da história dos jardins e da paisagem.
Objetivos
A essência do curso é lançar luz sobre o estudo temático dos jardins, considerando, em especial, a necessidade de um entendimento abrangente sobre o conceito de cultura paisagística e, mais, compreender como tal perspectiva tende a se firmar como um aporte essencial para se pensar a preservação e valorização do patrimônio paisagístico, em particular, de parques, praças, jardins públicos e privados no Brasil. Nesse sentido os objetivos do curso são:
Compreender como se formou o conceito de jardim a partir do século XV até o século XIX. As análises desse argumento recaem tanto nos elementos formais que o caracterizam, como nas dimensões simbólicas que o estruturaram com o passar do tempo, determinando assim as relações firmadas entre sociedade e natureza que em um certo sentido perduram até o dias de hoje.
Destacar como sociedades de diferentes tempos e espaços interpretaram as relações entre arte a natureza, e como estas encontraram meios para percebê-la e instrumentos para moldá-la de acordo com as demandas que surgiam, tanto no campo material como no imaterial.
Apresentar os principais estilos, as características morfológicas e tipológicas, os elementos artísticos, a ordem de usos e, ainda, os aspectos conferidos a determinados jardins na atualidade, buscamos reconhecer o seu valor patrimonial e influência cultural no contexto urbano contemporâneo.
Potencializar a construção de pontes analíticas que revelem como as concepções mitológicas e fundamentos religiosos, nutriram práticas cotidianas, arranjos espaciais e apropriações sociais inspiradas no resgate de elementos míticos do jardim do Éden bíblico, nos campos elísios da Idade Clássica ou nas relações cosmogônicas estabelecidas entre os povos ancestrais americanos.
Metodologia do Curso
Atividades Presenciais (16 horas)
Ocorrerão nos dias 07, 08 e 09 de junho de 2021 | Horário | 18:00 – 22h00
As Sessões serão divididas em duas partes: a primeira consiste em preleção com abordagens teórico-conceituais , a segunda estará aberta ao diálogo, debate e discussão de textos com os participantes
A preleção utilizará de narrativas e recursos audiovisuais cujo objetivo é a interação com o conteúdo programático do curso.
Atividades Assíncronas (14 horas):
Será disponibilizado aos inscritos através de correio eletrônico conteúdo digital que complementará as atividades presenciais. Textos para leituras dirigidas, endereços de sites institucionais e de material áudio visual (vídeos e filmes).
Programa
Sessão de Aula | Dia | Recorte Temáticos |
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07JUN | Considerações sobre natureza, paisagem e jardins Os jardins dos Séculos XVII e XVIII na Europa: as influências e a expansão para a América Prof. Me. Paulina Onofre Ramalho Prof. Me. Claudia Helena Campos Nascimento Prof. Me. Nikson Dias de Oliveira |
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BESSE, J. Marc. O gosto do mundo: exercícios de paisagem. Rio de Janeiro: UERJ. 2014. (p. 33-61). JONES, Stephan. A arte do século XVIII. São Paulo: Circulo do livro, 19--. (p. 56-73). FAVERO, Franciele. O romantismo e a estetização da natureza.In: Revista Da pesquisa. V. 7 no. 9, 2012. ISSN. 1808 3129. |
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08JUN | A paisagem do século XIX: o parque, a praça e ecletismo na arte dos jardins Ecos da modernidade nas metrópoles da Amazônia Prof. Me. Paulina Onofre Ramalho Prof. Me. Claudia Helena Campos Nascimento Prof. Me. Alyene Andrade da Silva Camapum Guedes Prof. Me. Carlos Teodoro Olivares Olivares |
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HOWARD, Ebenezer. Cidades-jardins de amanha. São Paulo: Annablume, 2002. [Introdução: Dácio Araujo B. Ottoni. Cidade-jardim: formação e percurso de uma ideia, p. 11-101] ANDRADE, Rubens de. Da paisagem à paisagem inventada: a cultura de jardins urbanos em Belém. Tese de doutorado. Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, UFRJ. 2012. |
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09JUN | (Re)dimensionamento de conceitos de arte-natureza e arte-paisagem na metrópole: urbanidade, biocentrismo e os jardins equatoriais Prof. Me. Márcio Baraúna Bento Prof. Me. Sued Trajano de Oliveira Prof. Me. Daniel Luiz Oliveira Prof. Me. Nikson Dias de Oliveira |
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GUDYNAS, Eduardo. Direitos da natureza: ética biocêntrica e políticas ambientais. São Paulo: Elefante. [Valores da natureza, p. 41-70]. |
Local
Docente
RUBENS DE ANDRADE
Professor Associado da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Docente da Escola de Belas Artes (História da Arte e Paisagismo) e Programa de Pós-Graduação em Arquitetura – ProArq/UFRJ, Paisagista (EBA/UFRJ), Mestre em Arquitetura (ProArq –FAU/UFRJ) e Doutor em Planejamento Urbano e Regional pelo (Programa de Pós-Graduação de Planejamento Urbano e Regional-IPPUR/UFRJ). Líder no CNPq do Grupo de Pesquisas Paisagens Híbridas – GPPH-EBA/UFRJ.
COLABORADORES
Alyene Andrade da Silva Camapum Guedes | Graduada em Biomedicina (Pontifícia Universidade Católica de Goiás), Arquiteta e Urbanista (Universidade Federal Roraima). Especialista em Processamento e Controle de Qualidade pela Universidade Federal de Lavras, Mestra em Produção do Território Amazônico (Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia - UFRR) e Doutoranda em Arquitetura pelo ProArq FAU- UFRJ. | |
Carlos Teodoro Olivares Olivares | Arquiteto e Urbanista (Facutad de Arquitectura Urbanismo y Artes - Universidad Nacional de Ingeniería -Lima-Perú), Mestre em Geografia do Programa de Pós-Graduação em Geografia - PPG-GEO-Universidade Federal de Roraima e Doutorando em Arquitetura-Programa de Pós Graduação em Arquitetura da UFRJ. Docente de terceiro Graduação do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Roraima. | |
Claudia Helena Campos Nascimento | Arquiteta e Urbanista (UFPA). Professora Assistente II/DE, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Doutoranda (DINTER Tríplice Fronteira Norte - PROARQ/UFRJ-UFRR e PPGAU/UFPA), Mestre em Arquitetura e Urbanismo (Patrimônio, restauro e tecnologia); Especialização em Artes Visuais e Semiótica e Docência de Ensino Superior e Educação à Distância. Coordenadora do Laboratório de Práticas e Projetos do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRR e coordenadora estadual do Programa Morar, Conviver e Preservar (Rede Amazônia de Regularização Fundiária). Compõe o Núcleo de Arquitetura Moderna da Amazônia (NAMA) e desenvolve atividades de pesquisa em grupos e laboratórios externos. | |
Daniel Luiz Oliveira | Engenharia Florestal (Universidade Federal do Amazonas) e Arquiteto e Urbanista (Universidade Federal de Roraima). Mestre em Agronomia (Universidade Federal de Roraima) e Doutorando em Arquitetura (DINTER Tríplice Fronteira Norte - PROARQ/UFRJ-UFRR. Analista Ambiental na Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recurso Hídricos (FEMARH-RR) e Professor Substituto no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Roraima. | |
Márcio Baraúna Bento | Arquiteto e Urbanista(Universidade Luterana do Brasil - AM) e Docente do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Roraima - UFRR. Mestre em Geografia pelo Programa de Pós-graduação em Geografia na Universidade Federal de Roraima - UFRR e Doutorando em Arquitetura (DINTER Tríplice Fronteira Norte - PROARQ/UFRJ-UFRR. | |
Nikson Dias de Oliveira | Arquiteto Urbanista (Universidade Católica de Goiás), Docente da Universidade Federal de Roraima no Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Conselheiro Federal CAU/BR (2018/2020) Reeleito Conselheiro Federal CAU/BR para o triênio (2021/2023). Mestre em Urbanismo, Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho (Universidade Estadual de Maringá, Especialista em Avaliação, Perícias e Auditoria em Engenharia. Cidadão Boa-vistense reconhecido pela Câmara dos Vereadores da Cidade de Boa Vista, título concedido pelos relevantes serviços prestado a sociedade. | |
Paulina Onofre Ramalho | Historiadora (Universidade Federal de Roraima - UFRR), Docente do terceiro Grau do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFRR. Mestra em Preservação do Patrimônio Cultural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e, Doutoranda em Arquitetura (DINTER Tríplice Fronteira Norte - PROARQ/UFRJ-UFRR). |
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Sued Trajano de Oliveira | Arquiteta e Urbanista (Universidade Luterana do Brasil) e Docente do Centro Universitário Estácio da Amazônia. Mestra em Geografia pela Universidade Federal de Roraima. Especialista em Plantas Ornamentais e Paisagismo pela Universidade Federal de Lavras. Doutoranda em Arquitetura e Urbanismo pelo programa de doutorado interinstitucional da Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ. Integra o Grupo de Pesquisa da Universidade Federal de Roraima, realizando estudos na área da Arquitetura e do Urbanismo e o Grupo de Pesquisa Produção Territorial do Departamento de Geografia da UFRR. | |
Coordenadora do Projeto de Extensão | |
Graciete Guerra da Costa | Arquiteta e Urbanista (Arquiteta pela Universidade Federal do Pará) e Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRR. Pós-doutora pelo Programa de Pós-graduação do Instituto de Relações Internacionais - IREL na Universidade de Brasília, Doutora pelo Programa de Pesquisa e Pós-graduação da FAU/UnB, Mestra em Arquitetura e Urbanismo pelo PPG/FAU Universidade de Brasília – UnB. coordenadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRR (2017-2021). Presidente do Departamento de Roraima do Instituto de Arquitetos do Brasil IAB/RR; Vice-presidente do CAU/RR, Núcleo de Arquitetura Moderna da Amazônia - NAMA; DOCOMOMO Internacional; Sociedade Brasileira de Cartografia - SBC; Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias - IBAPE; Red Universitaria Internacional Historia, Arquitectura y Ciudad, de Estudios Latinoamericanos; RED Historia de la Arquitectura y Conservación del Patrimonio - HAYCOP; na Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas – ABAP - Conselho Internacional de Monumentos e Sítios ICOMOS Brasil; Líder no Diretório de Grupos do CNPq do Grupo de Pesquisas Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo Sustentáveis de Roraima - RR e Diretora do Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal de Roraima. |
Créditos
REALIZAÇÃO
Universidade Federal de Roraima – UFRR
DINTER Tríplice Fronteira Norte – PROARQ-FAU/UFRJ
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura – PROARQ-FAU/UFRJ
APOIO
Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Roraima – CAURR
Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB-RR
Professor Associado da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Docente da Escola de Belas Artes (História da Arte e Paisagismo) e do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura – ProArq/UFRJ, Paisagista (EBA/UFRJ), Mestre em Arquitetura (ProArq –FAU/UFRJ) e Doutor em Planejamento Urbano e Regional pelo (Programa de Pós-Graduação de Planejamento Urbano e Regional-IPPUR/UFRJ). Líder no CNPq do Grupo de Pesquisas Paisagens Híbridas – GPPH-EBA/UFRJ.
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