Paisagismo | EBA/UFRJ

Disciplina: História do Paisagismo | BAH310 | 45 teórica | Sexta-feira: 9h00 as 12h00

Vista do espaço, a Terra é um mundo-jardim, um planeta de vida, uma esfera de verdes e azuis envolta numa atmosfera úmida. à noite, as luzes das cidades brilham ao longe, formando constelações tão distintas e variadas como as do firmamento do jardim. Os espaços negros que seus arcos abarcam não são, contudo, desprovidos de espaço, mas repletos de florestas e fazendas, campos e desertos. Quando surge um novo dia, as luzes da cidade apagam-se, sobrepujadas pela a luz do sol; mares azuis, florestas e campos verdades emergem, contornando as vastas constelações urbanas e nelas penetrando. mesmo vistas de longe, a essa altura da terra, as cidades são um mosaico cinza, permeado por gavinhas e pontos verdes, como largos rios e grandes parques dentro delas.

Anne Whiston Spirn, O jardim de granito, 1995

O Curso

A disciplina analisa a estética artística-visual, as técnicas do desenho da paisagem através do planejamento do espaço, da composição da vegetação – as práticas botânicas –, e os usos de espaços construídos por diferentes grupos sociais em distintos tempos históricos e espaços geográficos. Para tanto, as relações sócio-espaciais e socioculturais firmadas entre sociedade e natureza, consubstanciadas na ideia do jardim, serão discutidas a partir do arcabouço teórico-metodológico dos estudos da paisagem particularmente, centrado em questões que se alinham ao conceito de cultura paisagística.

O campo da História da Arte associado à História da Cidade são matrizes teóricas essenciais à disciplina pois ambas, além de referenciar os processos de criação dos jardins através de uma perspectiva histórica, artística e cultural, também, colocam em discussão seus significados formais, os legados sócio-políticos e suas dimensões simbólicas.

As ideologias políticas e o cientificismo da Era Moderna, associados aos conceitos estéticos e análises formalista, a partir do estatuto da História da Arte, são também os fundamentos que dirigem o estudo dos jardins entre as fases renascentista, maneirista e barroca. Para tanto, são percorridas as assimetrias ideológicas e formais que demarcaram a construção de distintos modelos de jardins palacianos na região italiana e francesa, bem como, suas transformações e variações a partir de expansão desses modelos clássicos para o norte e sul do continente europeu nos séculos XVII e XVIII.

O conceito da forma-jardim associado às teorias contemporâneas que dirigem os estudos da paisagem e do paisagismo – a partir de uma perspectiva histórica e projetual – , criam interfaces para discutir o contexto simbólico, morfológico, funcional e botânico que se materializam e se manifestam no ambiente construído, o que por sua vez, auxilia a definição de novos arcabouços teóricos e interpretações sobre o jardim  e sua influência no cotidiano da sociedade moderna e contemporânea.

PROGRAMA

Sessão de AulaDiaRecorte Temáticos
AGOSTO
11A disciplina de História do Paisagismo
Considerações gerais da disciplina, programa, metodologia e avaliação
18Considerações sobre natureza, paisagem e jardins
BESSE, J. Marc. O gosto do mundo: exercícios de paisagem. Rio de Janeiro: UERJ. 2014. (p. 33-61).

PROUS, Andre. Jardins do Ser e jardins do estar In: RHAA. (p. 149-165)
(https://www.unicamp.br/chaa/rhaa/downloads/Revista%203%20-%20artigo%2018.pdf>).
25Geometria e proporção: alegoria e racionalidade na composição
dos jardins árabes e espano-árabes
PANZINE. Franco. Projetar a natureza Ç arquitetura da paisagem e dos jardins desde as origens até a época contemporânea. São Paulo: Senac, 2013. [O jardim do Islã: funcionalidade e representatividade, p. 121-166].

RONCHETTI, Costanza. Do jardim místico ao jardim profano para uma leitura dos jardins medievais portugueses In: Revista de história da arte, n.º 7 - 2009.
Acessar o Texto


Texto Complementar
ZOPPI, Mariella. O jardim mediterrânico na Idade Média In: O jardim medieval e as suas interpretações românticas. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2008. (p. 65-73).
Acessa o texto
SETEMBRO
01Os fundamentos compositivos na arquitetura dos jardins do século XV
WÖLFFLIN, H. Renascença e barroco. São Paulo: Perspectiva, 1968. [Villas e jardins, p. 151-170].

Maneirismo:– o mundo como um labirinto. São Paulo: Perspectiva, 1957. [A "floresta Sagrada” de Bomarzo; os monstros; o sono da razão, p. 139 -149).
15Geometria, monumentalidade e simetria: formas e instrumentos de composição dos jardins barrocos
PANZINE. Franco. Projetar a natureza - arquitetura da paisagem e dos jardins desde as origens até a época contemporânea. São Paulo: Senac, 2013. [Versalhes, p. 310-318; Um parque-laboratório, p. 218-321; Parques de corte na região parisiense, p. 322-328].



Texto Complementar
CORREIA, Luísa Mendes.Hidráulica nos jardins barrocos: análise do uso da água nos jardins barrocos e discussão da influência de André Le Nôtre em Portugal. Dissertação de Mestrado. [Antecedentes e bases do jardim Barroco, p. 3-9; Ciência, tecnologia e a arte das águs no século XVII, p. 10-26].
22O Jardim Inglês: as influencias orientalizantes e a expansão do modelo romântico
D’ELBOUX, Roseli Maria Martins.O pitoresco e o jardin anglais In: æ ensaios - V. II, no 1. Fev. 2007.

JONES, Stephan. A arte do século XVIII. São Paulo: Circulo do livro, 19--. (p. 56-73).

Texto Complementar
FAVERO, Franciele. O romantismo e a estetização da natureza.In: Revista Da pesquisa. V. 7 no. 9, 2012. ISSN. 1808 3129.
29A paisagem do século XIX: o parque, a praça e o ecletismos na arte dos jardins
SPIRN, Anne Whiston. O jardim de Granito. São Paulo: Edusp, 1995. [Cidade e natureza, p. 25-52].

HOWARD, Ebenezer. Cidades-jardins de amanha. São Paulo: Annablume, 2002. [Introdução: Dácio Araujo B. Ottoni. Cidade-jardim: formação e percurso de uma ideia, p. 11-101].

Textos Complementares
SCHAMA, Simon. Paisagem e memória. São Paulo: Cia das Letras, 2009 [A arcádia redesenhada, p. 555-573].

SOUZA, Juliana da Costa Gomes de Souza, FRANCO, José Luiz de Andrade. Frederick Law Olmsted: a arquitetura de paisagens e os parques nacionais norte-americanos In: Topoi (Rio de Janeiro), Rio de Janeiro, V. 21, n. 45, p. 754-774, set./dez. 2020 | www.revistatopoi.org (https://www.scielo.br/j/topoi/a/SXDvmtnqNxgsfmgHmZN9Nfb/?format=pdf&lang=pt)
OUTUBRO
06Os jardins urbanos no século XX: higienismo, salubridade pública e das vanguardas Modernas
SENNETT, Richard. Construir e habitar: ética para uma cidade aberta. São Paulo: Record. [O divórcio entre citte e ville, p. 79-107].

FILHO, José Almir Farias; ALVIM; Angelica Tanus Benatti. Higienismo e forma urbana: uma biopolítica do território em evolução In:Urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana, 2022, 14, e20220050.https://www.scielo.br/j/urbe/a/qhV5y3yN3m5cYXHXdMmmTKw/?format=pdf&lang=pt

Texto Complementar
CARRANZA, Amadeo Ramoa; ABAJAS, Rosa María Anon. Arquitectura, territorio y naturaleza. De la utopía de Broadacre City a la estancia y el jardín en Charlottenhof In: ZARCH No. 17, 2021. (Naturalezas domésticas Domestic Natures) (https://papiro.unizar.es/ojs/index.php/zarch/article/view/5912/5337)
20O movimento Moderno e o seu desdobramento na produção paisagística entre as décadas de 1940 a 1960
DAVÓ, Juan José Tuset. Un pequeño Edén en Los Ángeles: el jardín de Garrett Eckbo (1950-1965) In: ZARCH no. 17, 2021. (Naturalezas domésticas Domestic Natures).(https://papiro.unizar.es/ojs/index.php/zarch/article/view/5988/5340)

SAYRE, Robert; LOWY, Michael. Anticapitalismo romântico e natureza: o jardim encantado. São Paulo: Edusp. [Raymond Williams: cultura romântica e ecologia socialista, p. 135-159].

Textos Complementares
GOMES, Marco Aurélio A. de Filgueiras Gomes, ESPINOSA, José Carlos Huapaya. Espinoza. Diálogos modernistas com a paisagem: Sert e o Town Planning Associates na América do Sul, 1943-1951. Salvador: EDUFBA, ISBN 978-85-232-0612-3.
(https://books.scielo.org/id/wvqr3/pdf/gomes-9788523209261-06.pdf)


Pioneer Information. Although born in Cooperstown, New York, to Theodora Munn and Axel Eckbo on November 28, 1910, Garrett Eckbo identified with California In: (https://www.tclf.org/pioneer/garrett-eckbo)
27A paisagismo contemporâneo I
BERGAMINI, Claudio Estevão.Paisagismo contemporâneo: estratégias para o projeto de praças. Dissertação de Mestrado. Mestrado em Dinâmicas do Espaço habitado da Universidade Federal de Alagoas, 2009. [Momentos de inflexão no paisagismo, p. 57-72].
(https://www.bibliotecaagptea.org.br/agricultura/paisagismo/livros/PAISAGISMO%20CONTEMPORANEO%20ESTRATEGIAS%20PARA%20O%20PROJETO%20DE%20PRACAS.pdf)

DAVID, JOSHUA; HAMMOND, Robert.High Line: a história do parque suspenso de Nova York. São Paulo: Bei, 2013. (p. 53-112).

Texto Complementar
SERPA, Angelo. Paisagem em Movimento: O Parque André-Citroën em Paris In: Revista Paisagem Ambiente: ensaios - no. 19 - São Paulo, 2004. (p. 137-162).
(file:///C:/Users/Rubens%20-%20Dell/Downloads/40224-Texto%20do%20artigo-47487-1-10-20120823.pdf)
NOVEMBRO
10A paisagismo contemporâneo II
MOORE, Kathryn. A cultura da natureza In: MOSTAFAVI, Mohsen; DOHERTY, Gareth (Orgs.). Urbanismo ecológico. São Paulo: Gustave Gilli, 2014. (p. 468-471).

BAVA, Henri; BEHRENS, Erik; CRAIG, Steven; WALL, Alex. Grenmetropolis In: MOSTAFAVI, Mohsen; DOHERTY, Gareth (Orgs.). Urbanismo ecológico. São Paulo: Gustave Gilli, 2014. (p. 374-377).

Texto Complementar
BRODKA, Hana Abdel e Claire. A arquitetura do futuro deve estar em harmonia com a natureza: em conversa com Sou Fujimoto na Casa da Música Húngara In: Archdaily (https://www.archdaily.cl/cl/991511/la-arquitectura-del-futuro-debe-estar-en-armonia-con-la-naturaleza-en-conversacion-con-sou-fujimoto-en-la-casa-de-la-musica-de-hungria)
17Palestra

REFERÊNCIAS

BRODKA, Hana Abdel e Claire. A arquitetura do futuro deve estar em harmonia com a natureza: em conversa com Sou Fujimoto na Casa da Música Húngara In: Archdaily, 2021. 

BAVA, Henri; BEHRENS, Erik; CRAIG, Steven; WALL, Alex. Grenmetropolis <em>In</em>:  MOSTAFAVI, Mohsen; DOHERTY, Gareth(Orgs.). Urbanismo ecológico. São Paulo: Gustave Gilli, 2014.

BERGAMINI, Claudio Estevão. Paisagismo contemporâneo: estratégias para o projeto de praças. Dissertação de Mestrado. Mestrado em Dinâmicas do Espaço habitado da Universidade Federal de Alagoas, 2009. 

BESSE, J. Marc. O gosto do mundo: exercícios de paisagem. Rio de Janeiro: UERJ. 2014.

CARRANZA, Amadeo Ramoa; ABAJAS, Rosa María Anon. Arquitectura, territorio y naturaleza. De la utopía de Broadacre City a la estancia y el jardín en Charlottenhof In: ZARCH, no. 17, 2021. Naturalezas domésticas Domestic Natures.

CORREIA, Luísa MendesHidráulica nos jardins barrocos: análise do uso da água nos jardins barrocos e discussão da influência de André Le Nôtre em Portugal. Dissertação de Mestrado. Lisboa: Universidade Superior de Agronomia, 2015.

DAVID, JOSHUA; HAMMOND, Robert. High Line: a história do parque suspenso de Nova York. São Paulo: Bei, 2013.

D’ELBOUX, Roseli Maria Martins. O pitoresco e o jardin anglais In:  æ ensaios -  V. II, no. 1 Fev. 2007.

DAVÓ, Juan José Tuset. Un pequeño Edén en Los Ángeles: el jardín de Garrett Eckbo (1950-1965) In: ZARCH, no. 17, 2021, Naturalezas domésticas Domestic Natures.

FAVERO, Franciele. O romantismo e a estetização da natureza InRevista Da pesquisa. V. 7 no. 9, 2012. 

FILHO, José Almir Farias; ALVIM; Angelica Tanus Benatti. Higienismo e forma urbana: uma biopolítica do território em evolução In: Urbe - Revista Brasileira de Gestão Urbana, 2022, 14

GOMES, Marco Aurélio A. de Filgueiras Gomes, ESPINOSA, José Carlos Huapaya. Espinoza. Diálogos modernistas com a paisagem: Sert e o Town Planning Associates na América do Sul, 1943-1951. Salvador: EDUFBA, 2009. 

HOCKE, G. R. Maneirismo – o mundo como um labirinto. São Paulo: Perspectiva, 1957. 

MOORE, Kathryn. A cultura da natureza In: MOSTAFAVI, Mohsen; DOHERTY, Gareth (Orgs.). Urbanismo ecológico. São Paulo: Gustave Gilli, 2014. 

PANZINE, Franco. Projetar a natureza: arquitetura da paisagem e dos jardins desde as origens até a época contemporânea. São Paulo: Senac, 2013.

PIONNER INFORMATION. Although born in Cooperstown, New York, to Theodora Munn and Axel Eckbo on November 28, 1910, Garrett Eckbo identified with California In: Pioneer Information.

SENNETT, Richard. Construir e habitar: ética para uma cidade aberta. São Paulo: Record, 2019.

SERPA, Angelo. Paisagem em Movimento: o Parque André-Citroën em Paris In: Revista Paisagem Ambiente: ensaios - no. 19 - São Paulo, 2004.

RONCHETTI, Costanza. Do jardim místico ao jardim profano para uma leitura dos jardins medievais portugueses In: Revista de história da arte n.º 7 - 2009.

SAYRE, Robert; LOWY,  Michael. Anticapitalismo romântico e natureza: o jardim encantado. São Paulo: Edusp. 

SCHAMA, Simon. Paisagem e memória. São Paulo: Cia das Letras, 2009.

SOUZA, Juliana da Costa Gomes de Souza, FRANCO, José Luiz de Andrade. Frederick Law Olmsted: a arquitetura de paisagens e os parques nacionais norte-americanos In: Topoi. Rio de Janeiro, V. 21, n. 45, p. 754-774, set./dez. 2020. 

SPIRN, Anne Whiston. O jardim de granito. São Paulo: Edusp, 1995.

WÖLFFLIN, H. Renascença e barroco. São Paulo: Perspectiva, 1968. 

ZOPPI, Mariella. O jardim mediterrânico na Idade Média In: O jardim medieval e as suas interpretações românticas. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2008.




Publicações Paisagens Híbridas