Curso de Paisagismo | Disciplina/2019-1

Prof. Rubens de Andrade | BAH-EBA/UFRJ

O Curso

A disciplina analisa as técnicas, o desenho de jardins (planejamento do espaço, composição da vegetação, as práticas botânicas), a estética artística-visual e os usos de espaços construídos por diferentes grupos sociais em distintos tempos históricos e espaços geográficos. Para tanto, as relações sócio-espaciais e socioculturais firmadas entre sociedade e natureza, consubstanciadas na ideia do jardim, serão discutidas a partir do arcabouço teórico-metodológico dos estudos da paisagem particularmente, centrado em questões que se alinham ao conceito de cultura paisagística. O campo da História da Arte associado à História da Cidade são matrizes teóricas essenciais à disciplina pois ambas, além de referenciar os processos de criação dos jardins através de uma perspectiva histórica, artística e cultural, também, colocam em discussão seus significados formais, os legados sócio-políticos e suas dimensões simbólicas.

A abordagem do curso considera as heranças da Antiguidade na Região do Nilo e Mesopotâmia como também analisa a Antiguidade Clássica a partir do contexto filosófico e político que tem o jardim como centro do debate nas relações firmadas entre pólis e natureza na Grécia e Roma. A fase Medieval na Europa, coloca em perspectiva a discussão de conceitos relativos a ideia de jardins de prazerutilitários e medicinais construídos à orbita dos Mosteiros e interpretados à luz de preceitos religiosos judaico-cristão. A combinação entre os Jardins espano-árabes na região da Península Ibérica, os Jardins Mughais na Índia e espaços ajardinados existentes nas regiões sob a influência bizantina e a ética religiosa islâmica são aproximações também estabelecidas para as análises voltadas aos Jardins Orientais

As ideologias políticas e o cienticismo da Era Moderna, associados aos conceitos estéticos e análises formalista, a partir do estatuto da História da Arte, são os fundamentos que dirigem o estudo dos jardins nas fases renascentista, maneirista e barroca. Para tanto, são percorridas as assimetrias ideológicas e formais que demarcaram a construção de distintos modelos de jardins palacianos na região italiana e francesa, bem como, suas transformações e variações a partir de expansão dos modelos de jardins italianos e franceses para o norte e sul do continente europeu nos séculos XVII e XVIII.

O conceito da forma-jardim associado às teorias contemporâneas que dirigem os estudos da paisagem e do paisagismo  a partir de uma perspectiva histórica e projetual – , criam interfaces para discutir o contexto simbólico, morfológico, funcional e botânico que se materializam e se manifestam no ambiente construído, o que por sua vez, auxila a definição de novos arcabouços teóricos e interpretações sobre o jardim  e sua influencia no cotidiano da sociedade.

O Programa

Sessão de AulaDiaRecorte Temáticos
15MARA disciplina de História das Jardins
Considerações sobre natureza, paisagem e jardins
BESSE, J. Marc. O gosto do mundo: exercícios de paisagem. Rio de Janeiro: UERJ. 2014. (p. 33-61).

Texto Complementar
DELAUMEAU, JEAN. O que sobrou do Paraíso? São Paulo: Cia das Letras, 2003. [O Paraíso são os outros (A história recente do paraíso, O paraíso, um mundo pleno e Um convívio eterno), p. 479-489].
22MARO ideário Post-mortem e os jardins sagrados no Antigo no Egito:
Os Parques de Caça e jardins suspensos mesopotâmicos
BARIDON, Michel. Los Jardinees: Antiguidade - extremo Oriente. Madrid: Abada Editores, 2004. [Egipto y Mesopotâmia, p.139-160; Mesopotamia, p. 161-177]

Texto Complementar
BIGELOW, Jane M. H. Ancient Egyptian Gardens In: The Ostracon - The Journal Egyptian Study Society, V.1, N1, 2000.
29MARO lugar do jardim na pólis grega
Arquitetura dos jardins romanos

PANZINE. Franco. Projetar a natureza - arquitetura da paisagem e dos jardins desde as origens até a época contemporânea. São Paulo: Senac, 2013. [Grécia e o nascimento da paisagem mediterrânea, p. 73-82, Verde monumental e o público na Roma Antiga, p. 86-88; Jardins domésticos, p. 88-96; Vilas urbanas e suburbanas, p. 96-106; As vilas imperiais, p. 106-115].
5ABRO claustro, o jardim cortesão e o hortus conclusius: entre o jardim de prazer e o jardim utilitário.
DELAUMEAU,JEAN. O que sobrou do Paraíso? São Paulo: Cia das Letras.2003. [paraíso terrestre transportado para o além, p. 120-134; A vegetação paradisíaca, p. 135-157].

LLUCKERR, Ehrenfried.Grandes jardines de Europa: desde la Antiguidad hasta nuestros dias. Alemanha: Könemann, 2000. [Hortulus: el jardin medieval, p. 20-31].

Leitura Complementar:
RONCHETTI, Costanza. Do jardim místico ao jardim profano para uma leitura dos jardins medievais portugueses In:Revista de História da Arte, n. 7, 2009.https://run.unl.pt/bitstream/10362/16663/1/RHA_7_Varia_ART_4_CRonchetti.pdf
19ABRGeometria e proporção: alegoria e racionalidade na composição
dos jardins árabes
Jardins espano-árabes

PANZINE. Franco. Projetar a natureza - arquitetura da paisagem e dos jardins desde as origens até a época contemporânea. São Paulo: Senac, 2013. [O jardim do Islã: funcionalidade e representatividade, p. 121-166].
26ABRSeminário I
03MAIOs fundamentos compositivos na arquitetura dos jardins do século XV
PANZINE. Franco. Projetar a natureza - arquitetura da paisagem e dos jardins desde as origens até a época contemporânea. São Paulo: Senac, 2013. [O renascimento do classicismo: a ordem da natureza, p. 207-213; Jardins de palácios na Itália do Quatrocento, p. 2013-217; O retorno das vilas, p. 217-223].
10MAIO jardim das Quimeras: a estética maneirista
HOCKE, G. R. Maneirismo – o mundo como um labirinto. São Paulo: Perspectiva, 1957. [A “floresta Sagrada” de Bomarzo; os monstros; o sono da razão, p. 139 -149).
17MAIGeometria, monumentalidade e simetria: novas modalidades formais e
instrumentos de composição dos jardins barrocos
WÖLFFLIN, H. Renascença e barroco. São Paulo: Perspectiva, 1968. [Villas e jardins, p. 151-170].
24MAINão haverá aula
31MAIVersailles: a paisagem como símbolo do poder real
Os jardins de Le Notre: O "paisagista" da corte de Luis XIV.
PANZINE. Franco. Projetar a natureza - arquitetura da paisagem e dos jardins desde as origens até a época contemporânea. São Paulo: Senac, 2013. [Versalhes, p. 310-318; Um parque-laboratório, p. 218-321; Parques de corte na região parisiense, p. 322-328.
7JUNA Expansão dos modelos de jardins italianos e franceses para Europa.
PANZINE, Franco. Projetar a natureza - arquitetura da paisagem e dos jardins desde as origens até a época contemporânea. São Paulo: Senac, 2013. [A difusão de um modelo, 328-341].
14JUNS E M I N Á R I O II

Referências

BARIDON, Michel. Los Jardinees: Antiguidade – extremo Oriente.  Madrid: Abada Editores, 2004.

BESSE, J. Marc. O gosto do mundo: exercícios de paisagem. Rio de Janeiro: UERJ. 2014. (p. 33-61).

BIGELOW, Jane M. H. Ancient Egyptian Gardens In: The Ostracon – The Journal Egyptian Study Society, V.1, N.1, 2000.

CORRÊA, Roberto Lobato. Paisagem: algumas reflexões sobre a natureza econexões In: ALVES, Ida; LEMOS, Masé, NEGREIROS, Carmem (Org). Estudos de Paisagens: literatura, viagens e turismo cultural. Rio de Janeiro: Oficina Raquel, 2013. (p. 309-330).

DELAUMEAU, JEAN. O que sobrou do Paraíso. São Paulo: Cia das Letras. 2003.

HOCKE, G. R. Maneirismo – o mundo como um labirinto. São Paulo: Perspectiva, 1957. [A “floresta Sagrada” de Bomarzo; os monstros; o sono da razão, p. 139 -149].

LLUCKERR, Ehrenfried. Grandes jardines de Europa: desde la Antiguidad hasta nuestros dias. Alemanha: Könemann, 2000.

PANZINE. Franco. Projetar a natureza: arquitetura da paisagem e dos jardins desde as origens até a época contemporânea. São Paulo: Senac, 2013.        

WÖLFFLIN, H. Renascença e barroco. São Paulo: Perspectiva, 1968. [Villas e jardins, p. 151-170].

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