Prof. Rubens de Andrade | BAH-EBA/UFRJ
O Curso
A disciplina analisa as técnicas, o desenho de jardins (planejamento do espaço, composição da vegetação, as práticas botânicas), a estética artística-visual e os usos de espaços construídos por diferentes grupos sociais em distintos tempos históricos e espaços geográficos. Para tanto, as relações sócio-espaciais e socioculturais firmadas entre sociedade e natureza, consubstanciadas na ideia do jardim, serão discutidas a partir do arcabouço teórico-metodológico dos estudos da paisagem particularmente, centrado em questões que se alinham ao conceito de cultura paisagística. O campo da História da Arte associado à História da Cidade são matrizes teóricas essenciais à disciplina pois ambas, além de referenciar os processos de criação dos jardins através de uma perspectiva histórica, artística e cultural, também, colocam em discussão seus significados formais, os legados sócio-políticos e suas dimensões simbólicas.
A abordagem do curso considera as heranças da Antiguidade na Região do Nilo e Mesopotâmia como também analisa a Antiguidade Clássica a partir do contexto filosófico e político que tem o jardim como centro do debate nas relações firmadas entre pólis e natureza na Grécia e Roma. A fase Medieval na Europa, coloca em perspectiva a discussão de conceitos relativos a ideia de jardins de prazer, utilitários e medicinais construídos à orbita dos Mosteiros e interpretados à luz de preceitos religiosos judaico-cristão. A combinação entre os Jardins espano-árabes na região da Península Ibérica, os Jardins Mughais na Índia e espaços ajardinados existentes nas regiões sob a influência bizantina e a ética religiosa islâmica são aproximações também estabelecidas para as análises voltadas aos Jardins Orientais
As ideologias políticas e o cienticismo da Era Moderna, associados aos conceitos estéticos e análises formalista, a partir do estatuto da História da Arte, são os fundamentos que dirigem o estudo dos jardins nas fases renascentista, maneirista e barroca. Para tanto, são percorridas as assimetrias ideológicas e formais que demarcaram a construção de distintos modelos de jardins palacianos na região italiana e francesa, bem como, suas transformações e variações a partir de expansão dos modelos de jardins italianos e franceses para o norte e sul do continente europeu nos séculos XVII e XVIII.
O conceito da forma-jardim associado às teorias contemporâneas que dirigem os estudos da paisagem e do paisagismo – a partir de uma perspectiva histórica e projetual – , criam interfaces para discutir o contexto simbólico, morfológico, funcional e botânico que se materializam e se manifestam no ambiente construído, o que por sua vez, auxila a definição de novos arcabouços teóricos e interpretações sobre o jardim e sua influencia no cotidiano da sociedade.
O Programa
Sessão de Aula | Dia | Recorte Temáticos |
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15MAR | A disciplina de História das Jardins Considerações sobre natureza, paisagem e jardins |
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BESSE, J. Marc. O gosto do mundo: exercícios de paisagem. Rio de Janeiro: UERJ. 2014. (p. 33-61). Texto Complementar DELAUMEAU, JEAN. O que sobrou do Paraíso? São Paulo: Cia das Letras, 2003. [O Paraíso são os outros (A história recente do paraíso, O paraíso, um mundo pleno e Um convívio eterno), p. 479-489]. |
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22MAR | O ideário Post-mortem e os jardins sagrados no Antigo no Egito: Os Parques de Caça e jardins suspensos mesopotâmicos |
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BARIDON, Michel. Los Jardinees: Antiguidade - extremo Oriente. Madrid: Abada Editores, 2004. [Egipto y Mesopotâmia, p.139-160; Mesopotamia, p. 161-177] Texto Complementar BIGELOW, Jane M. H. Ancient Egyptian Gardens In: The Ostracon - The Journal Egyptian Study Society, V.1, N1, 2000. |
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29MAR | O lugar do jardim na pólis grega Arquitetura dos jardins romanos |
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PANZINE. Franco. Projetar a natureza - arquitetura da paisagem e dos jardins desde as origens até a época contemporânea. São Paulo: Senac, 2013. [Grécia e o nascimento da paisagem mediterrânea, p. 73-82, Verde monumental e o público na Roma Antiga, p. 86-88; Jardins domésticos, p. 88-96; Vilas urbanas e suburbanas, p. 96-106; As vilas imperiais, p. 106-115]. | ||
5ABR | O claustro, o jardim cortesão e o hortus conclusius: entre o jardim de prazer e o jardim utilitário. | |
DELAUMEAU,JEAN. O que sobrou do Paraíso? São Paulo: Cia das Letras.2003. [paraíso terrestre transportado para o além, p. 120-134; A vegetação paradisíaca, p. 135-157]. LLUCKERR, Ehrenfried.Grandes jardines de Europa: desde la Antiguidad hasta nuestros dias. Alemanha: Könemann, 2000. [Hortulus: el jardin medieval, p. 20-31]. Leitura Complementar: RONCHETTI, Costanza. Do jardim místico ao jardim profano para uma leitura dos jardins medievais portugueses In:Revista de História da Arte, n. 7, 2009.https://run.unl.pt/bitstream/10362/16663/1/RHA_7_Varia_ART_4_CRonchetti.pdf |
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19ABR | Geometria e proporção: alegoria e racionalidade na composição dos jardins árabes Jardins espano-árabes |
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PANZINE. Franco. Projetar a natureza - arquitetura da paisagem e dos jardins desde as origens até a época contemporânea. São Paulo: Senac, 2013. [O jardim do Islã: funcionalidade e representatividade, p. 121-166]. | ||
26ABR | Seminário I | |
03MAI | Os fundamentos compositivos na arquitetura dos jardins do século XV | |
PANZINE. Franco. Projetar a natureza - arquitetura da paisagem e dos jardins desde as origens até a época contemporânea. São Paulo: Senac, 2013. [O renascimento do classicismo: a ordem da natureza, p. 207-213; Jardins de palácios na Itália do Quatrocento, p. 2013-217; O retorno das vilas, p. 217-223]. | ||
10MAI | O jardim das Quimeras: a estética maneirista | |
HOCKE, G. R. Maneirismo – o mundo como um labirinto. São Paulo: Perspectiva, 1957. [A “floresta Sagrada” de Bomarzo; os monstros; o sono da razão, p. 139 -149). | ||
17MAI | Geometria, monumentalidade e simetria: novas modalidades formais e instrumentos de composição dos jardins barrocos |
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WÖLFFLIN, H. Renascença e barroco. São Paulo: Perspectiva, 1968. [Villas e jardins, p. 151-170]. | ||
24MAI | Não haverá aula | |
31MAI | Versailles: a paisagem como símbolo do poder real Os jardins de Le Notre: O "paisagista" da corte de Luis XIV. |
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PANZINE. Franco. Projetar a natureza - arquitetura da paisagem e dos jardins desde as origens até a época contemporânea. São Paulo: Senac, 2013. [Versalhes, p. 310-318; Um parque-laboratório, p. 218-321; Parques de corte na região parisiense, p. 322-328. | ||
7JUN | A Expansão dos modelos de jardins italianos e franceses para Europa. | |
PANZINE, Franco. Projetar a natureza - arquitetura da paisagem e dos jardins desde as origens até a época contemporânea. São Paulo: Senac, 2013. [A difusão de um modelo, 328-341]. | ||
14JUN | S E M I N Á R I O II | |
Referências
BARIDON, Michel. Los Jardinees: Antiguidade – extremo Oriente. Madrid: Abada Editores, 2004.
BESSE, J. Marc. O gosto do mundo: exercícios de paisagem. Rio de Janeiro: UERJ. 2014. (p. 33-61).
BIGELOW, Jane M. H. Ancient Egyptian Gardens In: The Ostracon – The Journal Egyptian Study Society, V.1, N.1, 2000.
CORRÊA, Roberto Lobato. Paisagem: algumas reflexões sobre a natureza econexões In: ALVES, Ida; LEMOS, Masé, NEGREIROS, Carmem (Org). Estudos de Paisagens: literatura, viagens e turismo cultural. Rio de Janeiro: Oficina Raquel, 2013. (p. 309-330).
DELAUMEAU, JEAN. O que sobrou do Paraíso. São Paulo: Cia das Letras. 2003.
HOCKE, G. R. Maneirismo – o mundo como um labirinto. São Paulo: Perspectiva, 1957. [A “floresta Sagrada” de Bomarzo; os monstros; o sono da razão, p. 139 -149]. |
LLUCKERR, Ehrenfried. Grandes jardines de Europa: desde la Antiguidad hasta nuestros dias. Alemanha: Könemann, 2000.
PANZINE. Franco. Projetar a natureza: arquitetura da paisagem e dos jardins desde as origens até a época contemporânea. São Paulo: Senac, 2013.
WÖLFFLIN, H. Renascença e barroco. São Paulo: Perspectiva, 1968. [Villas e jardins, p. 151-170].
Professor Associado da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Docente da Escola de Belas Artes (História da Arte e Paisagismo) e do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura – ProArq/UFRJ, Paisagista (EBA/UFRJ), Mestre em Arquitetura (ProArq –FAU/UFRJ) e Doutor em Planejamento Urbano e Regional pelo (Programa de Pós-Graduação de Planejamento Urbano e Regional-IPPUR/UFRJ). Líder no CNPq do Grupo de Pesquisas Paisagens Híbridas – GPPH-EBA/UFRJ.
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