Projeto Especial de Oficinas em Magé-RJ Coordenação: Victória Michelini Período: Abril-Agosto de 2023
PROPOSTA E JUSTIFICATIVA
A Série de Oficinas Se essa casa fosse minha… é uma de trabalho associado às pesquisas do projeto de dissertação de mestrado Se essa casa fosse minha, eu mandava ladrilhar: paisagens domésticas e a invenção de cotidianos, em fase de elaboração no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro | PROARQ-FAU/UFRJ.
O projeto tem sua matriz no desafio de estabelecer diálogos e aproximações entre pesquisadores das Ciências Sociais Aplicadas (Arquitetura, Urbanismo e outras áreas de estudos da paisagem) e grupos de trabalhadoras domésticas residentes no município de Magé, na região da Baixada Fluminense – em particular a organização social Garotas de Magé, que atuam como domésticas em bairros da Zona Sul carioca.
O conceito das oficinas esta associado a uma pesquisa de campo cujo interesse visa estabelecer visões compartimentadas de cidadania, de modus de vivência do cotidiano e de conteúdos que estão presentes na delicadeza dos olhares dessas mulheres. Para tanto, o roteiro das oficinas implementarão atividades que auxiliarão a compreender quais as formas, as práticas e os devires, relacionados a construção das domesticidade desses corpos socias e o seu conceito de Casa. Importa ainda interpretar o protagonismo dessas mulheres nesse processo e sua experiência em um cenário urbano no qual os caminhos percorridos são sinuosos e demarcados por barreiras que precisam ser ultrapassas e limites que necessitam ser superados.
Esse somatório de questões lançará luz sobre as dinâmicas socioespaciais do referido grupo em relação à paisagem doméstica e possibilitará a aplicação de metodologias que pressupõem distintas ordens de ação, tais quais: atividades lúdicas em grupo; conversas guiadas; entrevistas e sessões fotográficas. Tais dispositivos fornecem parâmetros e prerrogativas investigativas que fomentam o debate acerca da constituição material e simbólica das paisagens domésticas em contextos periféricos.
Mediados pelas abordagens acima destacadas, o roteiro das oficinas é dividido em três etapas:
I) empática-aproximativa;
II) investigativa;
III) hipotética-propositiva
Das quais i e iii são dadas por atividades coletivas e ii por encontros individuais, entre a pesquisadora e cada uma das mulheres que compõem o Coletivo Garotas de Magé.
OBJETIVOS GERAIS
a) Estabelecer e consolidar pontes entre a academia e o mundo ordinário;
b) Investigar os componentes materiais e imateriais que constituem a paisagem doméstica em contextos periféricos;
c) Promover exercícios de empatia que instiguem trocas socioculturais e deslocamentos de pontos de vista; e
d) Gerar insumo para a dissertação.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
I – Consolidar as Garotas de Magé enquanto objeto de estudos acadêmicos;
II – Pontuar as diferenças e semelhanças do que é valorizado pela classe arquitetônica, por um lado, e as pessoas comuns, por outro;
III – Personificar e localizar os conceitos teóricos acerca do espaço doméstico e a domesticidade;
IV – Fornecer os levantamentos arquitetônicos às mulheres, para usos pessoais futuros;
V – Gerar insumos para uma exposição fotográfica em Magé, nas quais as mulheres participantes sejam e se reconheçam enquanto sujeitos; e
VI – Gerar insumos para a produção de artigo
ETAPAS, DIÁLOGOS E APROXIMAÇÕES COM O COLETIVO GAROTAS DE MAGÉ
ETAPA I Empática-aproximativa (Coletiva) Se essa casa fosse minha… E se o arquiteto fosse eu… – (Dis)Simulações espaciais-estéticas sobre casas premiadas”.
O encontro inaugura o contato entre a pesquisadora e o grupo Garotas de Magé. A proposta é introduzir o tema do espaço doméstico e estabelecer, por meio de atividades lúdicas, oportunidades de deslocamento de pontos de vista para com o objeto de estudo – o espaço doméstico.
As dinâmicas fomentarão trocas socioculturais em exercícios empáticos:
Atividade I: Apresentação das residências finalistas do prêmio Building of the Year, da Plataforma Archdaily.
Questões: O que fariam se… Fossem o júri?
Atividade II: Dinâmicas gráficas sobre fotografias de residências premiadas de fato (Vila Matilde (2016) e Casa no Pomar do Cafezal (2023). Questões: O que fariam se… Fossem o arquiteto? Fossem a moradora?
Os produtos dessa etapa serão fotografias impressas das residências Vila Matilde (2016) e Casa no Pomar do Cafezal (2023) interferidas graficamente pelas participantes, com marcadores, fitas e adesivos.
Etapa II INVESTIGAÇÃO (Individual) Viagem ao centro da casa – Itinerários domésticos e as dimensões relacionais entre o corpo, alma e casa
Composta por encontros individuais entre a pesquisadora e cada integrante do Coletivo Garotas de Magé. Os encontros consistem em visitas aos ambientes domésticos, nas quais serão efetuadas entrevistas, levantamentos arquitetônicos e sessões fotográficas.
As entrevistas visam o delineamento do perfil dessas mulheres, bem como apreender suas histórias pessoais e relação com a própria casa. Serão incentivados relatos acerca da construção da casa e as transformações pelas quais passou ao longo do tempo; e as características socioculturais de seus habitantes. Interessam também as anedotas, histórias, sonhos e desejos (do passado e do presente) – tidos como uma espécie de sociologia espontânea manifesta nos ambientes.
Os levantamentos arquitetônicos darão conta da investigação acerca das dimensões, materialidade, disposição, usos, mobiliário e ornamentos que compõem o espaço doméstico em questão.
No que diz respeito à sessão fotográfica, a ação tem como referência a série New Reading Portraits, de Mami Kiyoshi. Sua premissa é um registro artístico dessas mulheres em suas casas, com seus objetos, eternalizando e enaltecendo suas histórias e narrativas através da imagem.
Etapa III Hipotética-propositiva (Coletiva) Se essa casa fosse minha… E ela é! – (Dis)Simulações espaciais-estéticas sobre as casas próprias
A Etapa III, configura o encerramento da oficina a partir do retorno ao campo hipotético e ao resgate dos diálogos estabelecidos na Etapas I e II.
Atividade III: Dinâmicas gráficas sobre fotografias e desenhos arquitetônicos das casas próprias.
Questões: O que fariam se… Pudessem mudar qualquer coisa em sua casa?
Os desdobramentos dessa dinamica tem o interesse de gerar marcadores para os espaços físicos e ainda a produção de manifestações simbólicas a partir das proposições particulares de cada integrante do Coletivo Garotas de Magé.
ROTEIRO DA OFICINA
ETAPA I | Empática-aproximativa |
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ABRIL | |
DIA 08 Horário | 17h30-20h30 | Se essa casa fosse minha… E o arquiteto fosse eu… (Dis)Simulações espaciais-estéticas sobre casas premiadas. |
Dinâmica 1: Juradas de um Prêmio de Arquitetura Dinâmica 2: Se essa casa fosse minha… Intervenções sobre as Casa no Pomar do Cafezal e Casa Vila Matilde |
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ETAPA II | Investigativa |
ABRIL A JULHO | |
15/04 a 01/07 | Viagem ao centro da casa |
Itinerários domésticos As dimensões relacionais entre o corpo, alma e casa |
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ETAPA IIi | Hipotética-propositiva |
JUNHO | |
DIA 03 HORÁRIO | 17h30 – 20h30 | Se essa casa fosse minha… E ela é! (Dis)Simulações espaciais-estéticas sobre as casas próprias |
Dinâmica 3: Intervenções sobre as próprias casas. |
EQUIPE
Melanie Martins Arquiteta e urbanista pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura – PROARQ-FAU/UFRJ. Premiada pela plataforma Archdaily por seu trabalho final de graduação “corpo-dispositivo”, com o qual explora a performance dentro do campo da arquitetura. Possui experiência profissional no escritório Milazzo Arquitetos Associados. É co-fundadora do Tre+Co, laboratório de pesquisa e práticas interdisciplinares em arquitetura. |
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Pedro Vitor Costa Arquiteto e urbanista pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro e mestrando pelo programa de Pós Graduação em Urbanismo na FAU-UFRJ. Premiado pela plataforma Archdaily por seu trabalho final de graduação “A Doméstica de Magé: Uma arquitetura em 8 atos” em 2021.Faz parte do grupo de pesquisa CURL (Cultural and Urban Resistance Lab) em parceria com a TU Berlim e é co-fundador do Tre+Co, laboratório de pesquisa e práticas interdisciplinares em arquitetura. |
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Rubens de Andrade Professor Associado da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Docente da Escola de Belas Artes (História da Arte e Paisagismo) e Programa de Pós-Graduação em Arquitetura – PROARQ-FAU/UFRJ. Paisagista (EBA/UFRJ), Mestre em Arquitetura (ProArq –FAU/UFRJ). Doutor em Planejamento Urbano e Regional pelo (Programa de Pós-Graduação de Planejamento Urbano e Regional-IPPUR/UFRJ). Líder no CNPq do Grupo de Pesquisas Paisagens Híbridas – GPPH-EBA/UFRJ. |
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Victória Michelini Arquiteta e urbanista pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (2020). Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura – PROARQ-FAU/UFRJ. Premiada pela plataforma Archdaily por seu trabalho final de graduação “Arquitetura do ar: o vazio como suporte do devir”em 2021. Atualmente é membro do grupo de pesquisa CURL (Cultural and Urban Resistance Lab) em parceria com a TU Berlim e do grupo de pesquisa UrCA (Urbanismo, Crítica e Arquitetura), do PROURB/FAU-UFRJ, participando ativamente do projeto de extensão Arquitetura Comum. É co-fundadora do Tre+Co, laboratório de pesquisa e práticas interdisciplinares em arquitetura. |
CRÉDITOS
DUARTE, C., PINHEIRO, E. ARQUItividades, SUBJEteturas: metodologias para análise sensível do lugar. Rio de Janeiro: Riobooks, 2019.
GUNTHER, H., ELALI, G. & PINHEIRO, J. A abordagem multimétodos em Estudos Pessoa-Ambiente: Características,definições e implicações. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.
KIYOSHI, Mami. New Reading Portraits. Disponível em: PINHEIRO, J. & GÜNTHER, H. Métodos de pesquisa nos estudos pessoa-ambiente. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008.
RHEINGANTZ, P. A.; PEDRO, R. M. A atuação do observador-pesquisador na avaliação da habitação In: ORNSTEIN, S.; VILLA, S. (Orgs). Qualidade ambiental na habitação: avaliação pós-ocupação. São Paulo: Oficina de Textos, 2013.
RHEINGANTZ P.; AZEVEDO, G. et al. Observando a qualidade do lugar: procedimentos para a Avaliação Pós-Ocupação. Rio de Janeiro: Paisagens HÍbridas, 2009.
SANOFF, H. Visual Research Methods in Design. 1991.
WOORDT, T. Arquitetura sob o olhar do usuário. São Paulo: Oficina de Textos, 2013.
CRÉDITOS
Concepção e Coordenação do projeto
Victória Michelini | Pós-Graduando do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura – PROARQ-FAU/UFRJ
Equipe Melanie Martins | Pós-Graduanda do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura - PROARQ-FAU/UFRJ Victória Michelini | Pós-Graduanda do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura - PROARQ-FAU/UFRJ Pedro Vitor Costa | Pós-Graduando do Programa de Pós-Graduação em Urbanismo- PROURB-FAU/UFRJ Rubens de Andrade | EBA-UFRJ/PROARQ-FAU/UFRJ
Parcerias Grupo de Pesquisas Paisagens Híbridas | GPPH-EBA/UFRJ - PROARQ-FAU/UFRJ O Projeto Projeto desenvolvido no âmbito do Curso de Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura - PROARQ-FAU/UFRJ
Professor Associado da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Docente da Escola de Belas Artes (História da Arte e Paisagismo) e do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura – ProArq/UFRJ, Paisagista (EBA/UFRJ), Mestre em Arquitetura (ProArq –FAU/UFRJ) e Doutor em Planejamento Urbano e Regional pelo (Programa de Pós-Graduação de Planejamento Urbano e Regional-IPPUR/UFRJ). Líder no CNPq do Grupo de Pesquisas Paisagens Híbridas – GPPH-EBA/UFRJ.
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