Inventário de pequenas epifanias
Curadoria: Oswaldo Carvalho
Cordenação: Roberto Tavares
Abertura: 06 de agosto de 2019 de 18h00
Visitação: De 07 de julho a 30 de Setembro de 2019 | Segunda a sábado: 10h00 as 19h00
Centro de Artes Calouste Gulbekian
Rua Benedito Hipólito, 125, Praça Onze – Centro, Rio de Janeiro.
Artistas
Aldones Nino
Beanka Mariz
Herbert Sobral
Jorge Cupim
Liz Lopes
Naum Alves
Marcelo Monteiro
Mayer
Robnei Bonifácio
Virginia Paiva
Inventário de Pequenas Epifanias
Que você me guarde na memória, mais do que nas fotos.
Caio Fernando Abreu
Todo dia, a todo instante, somos bombardeados com imagens e acontecimentos que nos provocam o senso, que puxam de nós o eixo e nos fazem rodopiar sem rumo enquanto não encontramos o lugar certo para depositar aquele episódio ou aqueles fatos. Para o artista o registro usual dos eventos com os quais se depara está em suas manifestações íntimas, uma urdidura que se faz pelo gesto, circulando por dentro, da alma ao cérebro, numa espécie de inventário que produz do mundo que o cerca, tendo seu trabalho o caráter de uma pequena epifania que mais que querer desvendar segredos, ajusta ponteiros. A revelação do inesperado está em sua percepção intuitiva, é o artífice de imagéticas enigmáticas, porém essenciais e verdadeiras.
Ao inventariar o mundo o artista propõe conhecê-lo em seu íntimo, em cada nova descoberta, ainda que distraidamente em meio a tempestades e naufrágios, um motivo razoável para aquilo que é legítimo: olhar as coisas de um jeito mágico.
Sempre me faz sorrir a ideia, como disse Caio F. Abreu, de “que quem procura não acha. É preciso estar distraído e não esperando absolutamente nada. Não há nada a ser esperado. Nem desesperado”, isto porque me faz pensar que estar aparentemente alheio é estar atento, conectado, é ser o receptáculo possível onde ninguém mais tem acesso, e esse é justamente o papel do artista, acessar além, seguir adiante em suas tentativas de falar ao mundo, mesmo quando o mundo parece não querer ouvi-lo. A fragmentação contemporânea do sujeito, o ruído abissal nos modos de fala e escuta, entenda-se o diálogo dando lugar ao bloqueio inquisitivo, o medo usurpando a razão, o cerceamento às expressões, a desarticulação do que é real, a mistificação no lugar da reflexão, todas essas problematizações estão na agenda do dia de qualquer pessoa minimamente sensata, que dizer então para um artista. Inventário de Pequenas Epifanias é uma amostra do que a arte pode ser para nós, esse campo de investigação e também de fluxo das paixões, terreno fértil que assusta apenas os néscios, despreparados que são para a vida. Arte não é algo estanque, arte é vida.
Os dez artistas aqui reunidos em torno desse propósito trazem o vigor de suas recentes produções em trabalhos que apuram e afirmam a constância e pertinência do gesto, do fazer manual, da contemplação, da análise subjetiva, daquilo que todos precisamos como exercício de liberdade no pensar, no agir, no ser. Convocam os presentes a circular pelas memórias do seu tempo questionando se são pertinentes, se restarão como referências de suas convicções, se haverá convicções pertinentes, perenes, ou que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços..
Osvaldo Carvalho
A Exposição
Inventário de Pequenas Epifanias é uma amostra do que a arte pode ser para nós, esse campo de investigação e também de fluxo das paixões, terreno fértil que assusta apenas os néscios, despreparados que são para a vida. Arte não é algo estanque, arte é vida. Os dez artistas reunidos nessa mostra trazem o vigor de suas recentes produções em trabalhos que apuram e afirmam a constância e pertinência do gesto, do fazer manual, da contemplação, da análise subjetiva, daquilo que todos precisamos como exercício de liberdade no pensar, no agir, no ser. Convocam os presentes a circular pelas memórias do seu tempo questionando se são pertinentes, se restarão como referências de suas convicções, se haverá convicções pertinentes, perenes, ou que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços.
Bacharel e Licenciado em Filosofia pela Universidade São Judas Tadeu (USJT, 2013), bacharel em História da Arte pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA-UFRJ, 2019). Doutorando em Historia y Arte pela Universidade de Granada em cotutela com o programa de Pós Graduação em Artes Visuais da UFRJ. Mestre em História Política e Bens Culturais pela Fundação Getúlio Vargas – RJ (CPDOC, 2018). Atualmente é pesquisador/redator da Enciclopédia Itaú Cultural, já tendo publicado textos em livros e periódicos nacionais e internacionais (Portugal, Espanha e EUA). Em 2019, participou do Programa Imersões Curatoriais da Escola Sem Sítio (Villa Aymoré/RJ) e da Formação EntreOlhares realizada pelo Instituto Itaú Cultural. Realiza gestão de coleções privadas, acompanhamento artístico e leitura de portfólio (Feira Oriente – RJ). Já desenvolveu diversos projetos curatoriais na Procuradoria Geral do Estado, Galeria Gustavo Schnoor, Galeria A Gentil Carioca, Villa Aymoré e Centro Cultural Light. Pesquisador do Grupo de Pesquisas Paisagens Híbridas da Escola de Belas Artes, UFRJ. Autor do livro Inscrição e Corporeidade: Butler e Kafka, uma aproximação (2016) pela Editora Paisagens Híbridas. Atua nas áreas: História da Arte do séc. XX-XXI, Pensamento Decolonial, Historiografia da Arte e Estética Contemporânea.
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