A forma-jardim expressa uma ideologia e desempenha um papel distinto no ambiente urbano. Materializa-se através de um conjunto de ações construtivas que se revelam no cotidiano da cidade através da configuração de espaços cuja formatação pode estar ou não alinhada a uma ordem de usos e funções utilitários, científicos ou, simplesmente, de prazer. Ela se distingue quando enquadra a natureza previamente existente, e nela desenha paisagens que possuem escalas específicas de intervenção, usos socioambientais distintos e estilos que além de modelar a paisagem tornam-se o reflexo de múltiplas ideologias. O conteúdo material e imaterial que nela se manifesta é em grande parte o resultado das negociações firmadas entre o homem e o ambiente. A conjuntura sociocultural e espaço-temporal deve, também, ser considerada como fator essencial a sua existência. Se o jardim é um exercício continuado do apropriar-se da natureza em seu estado bruto, deve-se também observar que sua originalidade enquanto espaço construído é garantida pelo modus operand utilizado para redimensionar o ambiente natural e nele, potencializar representações, cuja aparência nada mais é que uma sobreposição de múltiplas camadas de tempo e ideologias. A cada nova camada acrescentada, o homem ensaia e justifica o seu domínio sobre a natureza.
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