O estudo da paisagem no campo da arqueologia envolve questões complexas sobre a maneira com que os grupos moldaram seus espaços sociais e culturais, construíram seu patrimônio cultural e de como estes podem ser percebidos, classificados, e acima de tudo, de como estes espaços moldam o ambiente em que habitaram a partir de processos simbólicos que estão vinculados a tradições e à memória. A cidade é um dos principais artefatos produzidos pelo homem, serve de morada aos grupos sociais, de palco para a produção de eventos e de espetáculos e, além de produto, ela atua enquanto produtora de relações sociais. A cidade é assim, uma estrutura híbrida e complexa. A Arqueologia Histórica, através de seus instrumentais metodológicos, incorpora problemáticas associadas ao passado dos grupos e pessoas comuns que em determinado momento ficaram silenciados nos discursos históricos, e neste sentido foram identificadas por Eric Wolf (1982) como “pessoas sem história”. Considerando esses aspectos diante da necessidade de explorar esse campo temático, pretende-se, através do engendramento das teorias e das práticas do campo da arqueologia, reconhecer a paisagem que se constrói no meio da multiplicidade de processos que nela se impõe.