Paisagens Hibridas 2014
Coordenação
Rubens de Andrade |Professor Adjunto I/Coordenador do Curso de História da Arte|EBA/UFRJ
Já se disse fartamente que vivemos uma época de inflação das imagens: tudo parece ser reduzido a imagem, e quando tudo é imagem, aquilo que se quer afirmar como tal tem que imprimir uma força e uma profundidade acima do que informa a sua contemporaneidade. As perguntas mais necessárias diante do presente quadro parecem ser: o que traz a uma imagem o valor necessário para que mereça ser vista? de que modo uma imagem pode mover nossos afetos e provocar nossa reflexão? A imagem nunca é uma realidade simples [1].  Roland Barthes [2] buscou a especificidade das imagens fotográficas: há nelas o modo sensível pelo qual nos afetam, fora do logos, puro pathos, efeito que ele denominou punctum (segundo Barthes, literalmente, "o que me punge"[3]), que ele opõe ao studium, conjunto de significações que a imagem transmite. Como os raios retardados de uma estrela que vemos no céu quando ela já não mais lá está, a fotografia nos atinge, nos toca aqui e agora.

As fotografias de Eder Furtado materializam como poucas as duas potências das imagens descritas pelo teórico francês. Por um lado, se afirmam como textos que nos relatam uma realidade que, distante e diversa demais, desconhecemos ou não conhecemos em profundidade - a história de Afuá vai sendo registrada e se oferece ao trabalho de interpretação, seja por que viés for: histórico stricto sensu, antropológico, sociológico, arquitetônico, urbanístico. Por outro, explodem diante de nossos olhos e nos atingem com sua força de cores e formas: igarapés, redes, chalanas, folhas, rostos, panelas, bicicletas, palafitas que se erguem sobre as águas, mãos, ruas, rios, olhares, cemitérios, saltos no vazio, crepúsculos, pés, canoas, praças, praias fluviais, tudo nos atinge no que parece ser seu máximo esplendor, instante roubado ao fluxo incessante da existência.

Deixar os olhos caminharem pelas fotografias de Eder Furtado converte-se na experiência única de descortinar a vida amazônica e ribeirinha pelas mãos de um artista que brotou daquela realidade com a força da vegetação que envolve as águas dos rios e lhes transmite a cor esverdeada, com a força da terra que também impregna aquelas águas com sua cor barrenta, com a profundidade do céu que também tinge, por vezes, as mesmas águas de um azul intenso. É deste amálgama que tais imagens são feitas, e por esta alquimia elas nos contaminam e nos modificam. Contemple, então, e deixe-se tocar pelas imagens que agora você tem à sua frente.
Exposição | Afuá - fragmentos de paisagens e cotidianos, fotografias de Eder Furtado
De 28 de outubro a 11 de dezembro de2015
Procuradoria do Estado do Rio de Janeiro, Rua do Carmo, 27, 14º andar

Agendamento das Visitas:  expo.afua@gmail.com
REALIZAÇÃO
GPPH -  Grupo de Pesquisas Paisagens Híbridas | EBA/UFRJ
Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro - PGE-RJ
Linha e pesquisa: Identidades paisagísticas de cidades amazônicas

CURADORIA
Aldemar Norek (PGE-RJ)
Aldones Nino (EBA-UFRJ)
Mariana Martins (EBA-UFRJ)

DIREÇÃO GERAL DO PROJETO
Rubens de Andrade  (EBA-UFRJ)
Aldemar Norek (PGE-RJ)

TEXTOS
Aldemar Norek
Aldones Nino
Mariana Martins
Pedro Mergulhão
Rubens de Andrade

PROJETO GRÁFICO
Rubens de Andrade

MONTAGEM
Douglas Milne-Jones

Agradecimentos
Procuradora-Geral do Estado do Rio de Janeiro

Dra. Lucia Léa Guimarães Tavares
Procurador-Chefe do CEJUR
Dr. Leonardo de Andrade Mattietto
Procurador-Assistente do CEJUR
Dr. José Carlos Vasconcellos dos Reis
Prof. Pedro Mergulhão (UNIFAP - PROURB-FAU/UFRJ)
Arquiteto Jaime Elias Coelho (APCA | PGE-RJ)
Arquiteto Douglas Milne Jones (APCA | PGE-RJ)                                                                                 Solange Lobato (Prefeita de Chaves-PA)                                                                                                        Eliudo Pinheiro (Prefeito de Afuá-PA)                                                                                                           Ana Vaz (Vereadora)                                                                                                                          

E os amigos e colaboradores do CEJUR:
Ana Paula Gomes Campos (CEJUR -PGE-RJ)
Claunir Luiz Dutra Leal Tavares (CEJUR -PGE-RJ)
Elisabete Brasil (CEJUR -PGE-RJ)
Fábio Carlos do Nascimento (CEJUR -PGE-RJ)
Luís Gonzaga (CEJUR -PGE-RJ)
Marilânia Lacerda de Deus (CEJUR -PGE-RJ
Tânia Crespo (CEJUR -PGE-RJ
Realização
[1] RANCIÈRE, Jacques. O destino das imagens. Trad. Mônica Costa Netto. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012. p. 14.​

[2] BARTHES, Roland. A câmara clara: nota sobre a fotografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.

[3] Idem, ibidem. P. 68

Afuá e o trânsito das imagens amazônicas
Aldemar Norek
Arquiteto Urbanista e Doutorando (Proarq-FAU/UFRJ)
AGRADECIMENTOS DO FOTOGRAFO - Eder Furtado
Sindifisco, Ótica Peniel, COMAP, RR Variedades Matriz e Filial, Radio Áfua FM, comercial Jayrê, Panificadora Cearense, Amapá Dive, Fácil Farma, Casa das Frutas, DM advocacia, Acortes Realeza, Dr. Jair Quintas, Mazinho Salomão, Júnior Borges, Dr. Marcos Vinícius Quintas, Jacy Soares, A Família, Prof. Pedro Mergulhão (UNIFAP), Dr. Moyses Santana-UERJ, Nilton Paes.