Exposição | Naativa Brasileira: A Origem

A alvorada do Antropoceno

A emergência do termo Antropoceno tem sua origem no iníciocio do século XXI, na formulação de Paul Crutzen, Prêmio Nobel de Química (2000). Desde então, muitas proposições se colocaram em relação com o termo. O prefixo “antropo” exprime a noção de homem  e o sufixo “ceno” denota períodos geológicos. Diante do debate que nos últimos anos o termo Antropoceno tem suscitado, nota-se que a sociedade demostra uma certa  urgência em com mais precisão seu sentido. Não por acaso, portanto, diferentes áreas do conhecimento mostram interesse pelo tema e, em particular, a arte contemporânea segue sensível À elaboração de possibilidades analíticas de ação e tem buscado respostas para esse tema.

O futuro da biodiversidade torna-se cada vez mais incerto, haja vista a expansão das iniciativas parasitárias para com nossos biomas. A vegetação em particular é um dos componentes relevantes do bioma, e seu estado de conservação e manutenção definem a existência ou não, de habitats para as espécies, assim como a  manutenção de serviços ambientais cada vez mostra-se um dos bens essenciais à sobrevivência da vida. Esses debates se fazem centrais na primeira edição de A Origem da Naativa Brasileira, projeto que possui inúmeros paralelos com as premissas do pesquisador Victor Wallis, que afirma: o único futuro habitável é ecossocialista, reconhecendo que as expressões mais radicais de conscientização ambiental são originadas pelos povos do Sul global

A Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e a Escola Nacional de Botânica Tropical – ENBT, colaboram  na primeira edição de A Origem da Naativa Brasileira, exposição que faz parte do lançamento da campanha comemorativa de onze anos do Programa de Educação Ambiental da Agenda 21 de Paraty, que teve entre seus princípios (,) o avanço dos estudos relativos à sustentabilidade ecológica promovendo, nesse sentido, a troca aberta e a ampla aplicação do conhecimento adquirido, assim, opondo-se aos interesses extrativistas. 

A Mata Atlântica é um bioma composto por um conjunto de florestas e ecossistemas que corresponde a 15% do território brasileiro. Embora possamos apontar para o avanço do desmatamento e impacto gerados no último século, essa problemática já é presente há mais de cinco séculos, pois essa área vem sofrendo com o desmatamento, as queimadas e a degradação do ambiente desde a exploração dos impérios europeus que datam do início da modernidade.

Nesse sentido, esta exposição adota a premissa da importância da divulgação científica em ambientes para além das universidades, como um dos elementos centrais no campo da conservação e educação ambiental. A proposta se associa à investigação e à tecnologia no desvelamento das possibilidades de apropriação da problemática da carência de conhecimento de nossas riquezas naturais, ressaltando assim aspectos culturais, históricos, econômicos e sociais a partir de desdobramentos possíveis de suas representações. Nas palavras de Guattari: O que está em questão é a maneira de viver daqui em diante sobre esse planeta, no contexto da aceleração das mutações técnico-científicas e do considerável crescimento demográfico (GUATARI, 1997, p. 8). O autor ainda observa que Em função do contínuo desenvolvimento do trabalho maquínico redobrado pela revolução informática, as forças produtivas vão tornar disponível uma quantidade cada vez maior do tempo de atividade humana potencial (idem). Por fim ele destaca: Mas com que finalidade? A do desemprego, da marginalidade opressiva, da solidão, da ociosidade, da angústia, da neurose, ou a da cultura, da criação, da pesquisa, da re-invenção do meio ambiente, do enriquecimento dos modos de vida e de sensibilidade? (idem)

A exposição Naativa Brasileira: a origem ,  pode ser compreendida através de múltiplos núcleos que evidenciam a representação como fator central da conscientização propondo uma ação em prol da justiça ambiental.

Azulejo Maracujá, apresenta a Passiflora edulis, uma espécie de videira de maracujá nativa do Brasil, com uma história que remonta o início do século XVIII.  Esse nome é originado pelos missionários como uma ajuda educacional enquanto tentava-SE converter os habitantes indígenas ao cristianismo, época em que também era conhecido como flor das cinco chagas. Atualmente o maracujá é amplamente cultivado nas regiões tropicais e subtropicais do mundo. Portanto, os desenhos, associados aos vetores de polinização desdobrados em materialidades múltiplas, elencam a urgência da atenção para o Distúrbio de Colapso de Colônia (CCD), levando em consideração que  O desaparecimento das abelha ameaça a  existência de vários alimentos no futuro, muito mais do que produzir mel, esses insetos cumprem um importante serviço ambiental pois, como agentes polinizadores,   são responsáveis pela reprodução e manutenção do maracujá E do equilíbrio da biodiversidade. Como uma demanda global, o fenômeno do desaparecimento das abelhas  foi uma questão realçada em recente relatório do Intergovernmental Science-Policy Platform on Biodiversity and Ecosystem Services (IPBES) para as Nações Unidas. 

Painél Bromélias – conhecidas como karatas pelos nativos das Antilhas –, tais espécies foram renomeadas no fim do século XVII pelo explorador e botânico francês Charles Plumier, que AS nomeou de bromélias em homenagem ao botânico sueco Olof Bromelius. No Brasil as bromélias eram amplamente conhecidas pelos povos originários que as chamavam de carauá, caraguatá, carandá e caraguá. As bromélias foram introduzidas nos projetos do paisagista Roberto Burle Marx na década de 1960, constituindo assim uma de suas marcas. No Brasil, elas podem ser encontradas em todo território nacional em quarenta e quatro gêneros e aproximadamente 1.290 espécies, entre as quais, 1.145 são endêmicas. Sua diversidade faz com que novas espécies sejam encontradas a cada dia, dificultando a elaboração de dados atualizados. Nesse sentido, vale destacar o exercício poético e científico realizado pelos estudantes da Escola Nacional de Botânica Tropical (ENBT), já que esta é uma instituição que tem como missão promover a formação de recursos humanos no âmbito da Botânica, com foco no conhecimento dos ecossistemas brasileiros e a conservação de espécies da flora nacional. Vale destacar o curso de Ilustração Botânica, que desde 2001, vem incentivando a formação de profissionais com o objetivo de atender a crescente demanda de registro iconográfico das espécies brasileiras para pesquisa científica e divulgação. Um dos professores que se destaca é Paulo Ormindo especializado em Ilustração Botânica pelo Royal Botanic Garden, em Kew Gardens, Londres, E que tem na exposição duas aquarelas que tensionam signos relacionados à história do Brasil e à degradação do meio ambiente, impulsionado pela exploração dos recursos naturais.

MELIACEAE ( 2008), árvore de origem brasileira, ocorre tipicamente na Floresta Atlântica presente nas regiões Centro-oeste, Sudeste e Sul. A espécie está atualmente ameaçadA de extinção por exploração excessiva, uma vez que sua madeira foi bastante utilizada pelos artistas do barroco mineiro. Seu odor era ideal para o trabalho de talha e escultura, além de ter uma alta resistência. E FABACEAE (2007), ocorre em quase todo o país, principalmente na Amazônia e Floresta Atlântica. Considerada madeira de lei, é própria para a confecção de móveis de luxo e instrumentos musicais. Sua exploração comercial também ameaça de forma rápida sua existência nativa. As flores pequenas, amarelo-pálidas, reunidas no ápice dos ramos, são excelentes produtoras de mel e freqüentemente visitadas por abelhas.

Painel Rivulidae, a família Rivulidae (ordem Cyprinodontiformes) é uma das quatro mais diversificadas entre as trinta e nove famílias de peixes de água doce do Brasil. Ocorre nas Américas, entre o México e a Argentina, e possui mais de 320 espécies reconhecidas pela ciência. SÃO peixes de pequeno porte, raramente chegando aos dez centímetros de comprimento. Também conhecido como peixes-anuais vivem em poças d’água em campos alagáveis, um tipo de vegetação cuja importância para a biodiversidade raramente é considerada. Sua especificidade resulta de seu aparecimento massivo com a chegada das chuvas em certos lugares da América Latina e da África (famílias Rivulidae – nas Américas – e Nothobranchiidae – na África). Momento em que peixes coloridos e com poucos centímetros de comprimento começam a aparecer em poças recém-alagadas e sem nenhuma conexão com outros cursos d’água – como se tivessem caído do céu, originando assim o nome pelo qual  são popularmente conhecidos, peixes-das-nuvens. Os ovos deste peixe passam meses embaixo da terra seca e quando a chuva forma poças, eles eclodem e povoam os mini ecossistemas temporários. Poucos dias depois, já sexualmente ativos, geram ovos e recomeçam esse curioso, e rápido, ciclo de vida. No entanto, apesar de resistirem por meses a situações precárias e inimagináveis para animais que precisam da água para respirar, muitos dos rivulídeos correm graves riscos de extinção.

Das 310 espécies de peixes continentais na Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção divulgada em 2014 pelo Ministério do Meio Ambiente, 125 são peixes-anuais. Desse número, sessenta, estão classificadas como em perigo crítico.  Ao mesmo tempo que sua resistência às intempéries da natureza, o fato de aparecerem somente durante a temporada de chuvas também é um problema. Se um licenciador ambiental é chamado para avaliar um novo empreendimento durante a estiagem e não conhecer o seu ciclo de vida, ele pode nem perceber que ali ocorrem espécies ameaçadas de extinção. A facilidade de se comercializar os ovos em diapausa, faz com que aquaristas vendam em leilões da internet diferentes espécies que constam na lista de animais em risco de extinção no Brasil. A polícia já interceptou envelopes com ovos de rivulídeos destinados a vários países da Europa além de China, Malásia, Estados Unidos, Equador e Agentina. O pouco conhecimento acerca dos rivulídeos dificulta a criação de ações de preservação.

Pássaros polinizadores são responsáveis pela transferência de pólen, a polinização realizada por vetor biótico (biofilia) é responsável por 80% de todos os tipos de polinização, sendo muito importante para manutenção da biodiversidade. Em outubro de 1998, o Ministério do Meio Ambiente do Brasil organizou na cidade de São Paulo um workshop internacional para propor as bases de uma iniciativa internacional sobre os Polinizadores e sua importância no apoio e manutenção da produtividade terrestre, assim como os desafios que enfrentam devido às alterações antrópicas. Em 1999 a Convenção sobre Diversidade Biológica ratificou o documento deste workshop, a Declaração de São Paulo sobre Polinizadores, que tem como uma de suas principais tarefas “estimular a conscientização do público sobre o papel dos polinizadores”.

Nesse sentido, todas as imagens presentificadas na exposição,  servem como exercícios poéticos de observação, mas tem como maior objetivo o fomento do pensamento crítico, evidenciando a importância do desenvolvimento sustentável, na preservação de seus variados biomas. A exposição resulta de uma ação em conjunto de vários profissionais que atuam com representação na mesma medida que almejam preservação, pois a técnica do desenho associada ao debate de todas essas especificidades, alertam para a urgência que nossa sociedade enfrenta acerca das agendas ambientais. A vida humana é condicionada à muitas outras formas de vida, assim exercícios de alteridade interespécie são elementos fundamentais para o posicionamento crítico frente às intempéries dos avanços das forças exploratórias.  Arte e ciência, mais do que nunca devem caminhar juntas ao tratar das questões ligadas à representação dos biomas e das existências que neles habitam. Não à toa Guattari salienta: Sem uma reorientação radical dos meios e, sobretudo, das finalidades da produção, é o conjunto da biosfera que ficará desequilibrado e que evoluirá para um estado de incompatibilidade total com a vida humana e, aliás, mais geralmente, com toda forma de vida animal e vegetal (GUATARI, 1992, p. 172).


Aldones Nino

O PROJETO

Tem por intenção divulgar a Arte e a Ciência através do estudo, do registro, da produção de acervos e da criação de instalações de arte. Buscando coalescer natureza, arte, ciência e tecnologia, com o intuito de fomentar o pensamento crítico e o desejo de conhecer, respeitar, proteger e conservar a tão diversa e imensa flora e fauna brasileira, evidenciando sua importância na preservação e desenvolvimento sustentável de seus variados biomas, que podem ser esquecidos devido ao desaparecimento de territórios e o ao desmatamento intenso. Nossa preocupação é com o futuro da biodiversidade, com o desconhecimento da nossa história natural, fator determinante na ausência de respeito e compromisso com a preservação.

Assim, o conceito escolhido: A Origem é fruto da simbiose contida nas ciências visuais, com a premissa da reflexão acerca da importância da divulgação científica em ambientes para além das universidades. Para tanto, as instalações propostas inserem-se nos campos de conservação, educação, investigação e tecnologia em representação da natureza.

O projeto objetiva colaborar com a divulgação e o fomento ao debate sobre a diversidade e a conservação, atentando-se para a multiplicidade de desdobramentos e articulações possíveis entre diversas Instituições. Como exemplo, podemos citar:A criação do Laboratório de Representação da Natureza, no CCMN-UFRJ, projeto aberto a novas parcerias e apoios para divulgação e implementação de iniciativas que contribuam com processos de inovação social, que fomentem o agir responsável e consciente dentro da sociedade;

As oficinas gratuitas de desenho naturalista;

Fabricação de mobiliários expositivos feitos com resíduos de madeira, no Laboratório de Processamento da Madeira da UFRRJ;

Expedições nos biomas brasileiros, para registrar e representar a natureza em seu habitat natural, recorrendo, com as expedições, rincões distantes, para desenvolver catálogos educativos e instalações públicas baseadas nos conhecimentos e tesouros naturais.


OS BIOMAS

Carl Friedrich Philipp Von Martius (1794-1868) fez o maior levantamento da flora brasileira realizado até os dias de hoje – e, a partir dele, possibilita aos indivíduos conhecerem em sua monumental obra Flora brasiliensis, composta por 40 volumes apresentando mais de 20 mil espécimes vegetais catalogados, entre 1840 e 1906, incluindo no primeiro volume o mapa produzido em 1858. Martius, botânico alemão, em propôs uma divisão regional para o Brasil a partir de cinco grandes biomas: cerrado, caatinga, mata atlântica, selva amazônica e pampa. O biólogo retratou essas paisagens em litografias que foram publicadas.

Para a perpetuação da vida nos biomas, é necessário o estabelecimento de políticas públicas ambientais, a identificação de oportunidades para a conservação, o uso sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade. Como a vegetação é um dos componentes mais importantes da biota, seu estado de conservação e de continuidade definem a existência ou não de habitats para as espécies, a manutenção de serviços ambientais e o fornecimento de bens essenciais à sobrevivência de populações humanas. Nossa meta visa a produção e difusão dos valores da biodiversidade através das representações da natureza que poderão servir de mote para registrar, preservar, e utilizá-la de forma sustentável. A escolha pelo uso da vegetação e fauna nativa do Brasil tem aspectos culturais, históricos, econômicos e sociais que ajudaram no estabelecimento de premissas e critérios que fundamentam o presente conceito.


A INSTALAÇÃO

Em sua primeira Edição, A Origem da Naativa Brasileira é composta por obras dos alunos  do curso de Desenho Naturalista, grupo de Representação da Natureza, ambos da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, e dos alunos do curso de ilustração científica da Escola Nacional de Botânica tropical- ENBT, além do artista e professor Paulo Ormindo e da designer de estampas Mila Petry.

Tem por premissa  divulgar e apresentar a diversidade de técnicas na Representação Naturalística da flora e fauna nativa, utilizando tecnologias de reprodução em diversas superfícies.

Nossa meta visa a produção e difusão dos valores da biodiversidade através das representações da natureza que poderão servir de mote para registrar, preservar, e utilizá-la de forma sustentável.

Os aspectos culturais, históricos, econômicos e sociais ajudam no estabelecimento do conceito nos campos de conservação, educação, investigação e tecnologias no estudo da Paisagem Natural.

LOCAL E DATAS

Núcleo de Mídias, Artes e Tecnologias
Rua João Guimarães Rosa, 284
Portal de Paraty, Paraty – RJ, 23970-000

ABERTURA: 06 de dezembro de 2019
HORÁRIO: 19h00

Classificação livre | Artes visuais | ENTRADA RANCA
https://goo.gl/maps/tCWcY6RikRNoe81C9

FICHA TÉCNICA

Naativa Brasileira:  a origem
Concepção, Supervisão e Coordenação geral do projeto
Mar Sant

Curadoria/Expografia
Mar Sant

Auxiliar de ProduçãoAna
Luísa Murce Mazzarelli Abrantes

Ilustradores (Escola Nacional de Botânica Tropical)
Cristiane de Melo
Fátima Duarte de Almeida Alves
Ignez Pagotto
Igor Lins da Silva Freire
Lívia Vargas dos Santos Ferreira
Marcelle da Silva Sant’Anna
Mônica Atalla Pietroluongo
Nicole Lanzellotti Rutkevich
Patrícia Pereira dos Santos
Paula Viana Leonardo
Paulo Ormindo
Rosana Moreira Martins
Silvia Regina Goi
Solange Vergnano


Ilustradores (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Ana Luísa Murce Mazzarelli Abrantes
Flávia FontesLais Vallecilo de Souza Ferreira
Marcelle da Silva Sant’Anna


Ilustradora convidada
Mila Petry
Design Gráfico
Marcelle da Silva Sant’Anna
Mila Petry


Textos
Aldones Nino Santos da Silva
Marcelle Sant’Anna
Revisão de texto
Silvia Lorenz-Martins


Montagem
Ana Luísa Murce Mazzarelli Abrantes
Lais Vallecilo de Souza Ferreira
Marcelle da Silva Sant’Anna
Mônica Atalla Pietroluongo
Patrícia Pereira dos Santos
Pedro GilVanessa dos Santos Souza
Captação de Recursos
Mar Sant


Orientador (Escola Nacional de Botânica Tropical)
Paulo Ormindo

Orientadores (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Cássia Curan Turci
Graça Lima
Silvia Regina Goi


Apoio Institucional
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN- UFRJ)
Escola de Belas Artes (EBA- UFRJ)
Escola nacional de Botânica Tropical (ENBT- JB)
Prefeitura Universitária (UFRJ)
Pró-Reitoria de Políticas Estudantis (PR7- UFRJ)
Grupo de pesquisas Paisagens Híbridas (EBA/UFRJ)
Laboratório de Processamento da Madeira (LPM-UFRRJ)

Agradecimentos
Alexandre Monteiro
Bruno Matos
Cabral Lima
Dinho Paraty
Silvia Regina Goi
Ricardo Rangel

Bruno Matos
Cabral Lima
Dinho Paraty
Silvia Regina Goi
Ricardo Rangel

Publicações Paisagens Híbridas