De que forma uma leitura atenta do cotidiano, realizada através de um exercício do olhar sobre ações espontâneas e inconscientes; é capaz de revelar percursos que de alguma forma encontram-se entrelaçados – difíceis de discernir – e que unem tempos, espaços e memórias na constituição do que somos, como somos e porque somos? Esse mergulho em nós mesmos pode se dar naturalmente em momentos distintos de nossas vidas.
Momentos em que, confrontados pela própria existência, somos apresentados a perspectivas que habitam, moldam e constituem um corpo que sempre esteve presente de forma familiar, mas que nunca antes foi conhecido assim, sozinho.
A solitude nos faz compreender distâncias, enxergar diferenças, perceber ausências daquilo que um dia esteve perto, e dos caminhos que fazem sentido. Ela também nos auxilia a navegar sob um céu sem nuvens, limpo de dúvidas, por entre costuras que amarram o tempo e ancoram memórias. Memórias do tempo presente, memórias antigas de uma história que mesmo corroída resiste. Os trabalhos de Aldones Nino aqui reunidos, tensionam memórias silenciosas e marginais há muito soterradas, que disputam e evidenciam as estruturas daquilo que nos faz ser o que é.
Diante deste contexto de buscas e constantes reconstruções da identidade, atravessam questões acerca de fronteiras e narrativas. Da sobreposição de práticas e imagens ligadas a herança da colônia e do império, maculadas por percepções enraizadas na vida social.
Oxidação, nesse sentido, é aqui entendida como um processo natural e universal de corrosão dos corpos e das formas tradicionais de interação com o mundo. É marca também da passagem irrefreável do tempo, que transforma lentamente a matéria original do prego, da tela, dos livros; em objetos que podem ser lidos e transcritos em versos e mapas que nos revelam mais sobre nós do que sobre eles próprios.
Guilherme de Paulo Siqueira
Museólogo e Mestrando pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil CPDOC/FGV-RJ
Local | Datas
Oxidação | Aldones Nino
Galeria Benedito Nunes | Fundação Cultural do Pará
Av. Gentil Bittencourt, 650 | Belém – Pará |
Abertura
31 de maio de 2019 | 19h00
Visitação
31 de maio a 14 de junho de 2019 | Horário: 09h00 – 19h00
Entrada Franca
ALDONES NINO| Doutorando em Historia y Arte pela Escuela Internacional de Posgrado de la Universidad de Granada e pelo Programa de Pós Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Suas pesquisas articulam interesses em filosofia e arte contemporânea, especialmente a produção relacionada ao corpo e ao pensamento decolonial, considerando a produção artística junto a suas condições de instauração, institucionalização e circulação. Desenvolve trabalhos teóricos e práticos sobre a relação entre história da arte e a decolonialidade. O caminho traçado entre o exercício acadêmico e a prática artística tem um foco especial na cultura de imagens que se relacionam com o corpo, territórios e questões políticas. Através das diversas possibilidades oferecidas pelas práticas artísticas contemporâneas, mistura teorias, ideias e linguagens.
CRÉDITOS
Governo do Estado do Pará
Governador | Helder Barbalho
Vice-Governador | Lúcio Vale
Fundação Cultural do Estado do Pará
Presidente | João Marques
Diretor de Interação Cultural | Almir SantosGaleria Benedito Nunes
Equipe
Eliane Moura | João Paulo do Amaral | Renato Torres
Estágiários
Lua Portugal | Marco Serrão | Rafaela Carneiro
Expografia e Edição
João Paulo do Amaral
Eliane Moura
Bacharel e Licenciado em Filosofia pela Universidade São Judas Tadeu (USJT, 2013), bacharel em História da Arte pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA-UFRJ, 2019). Doutorando em Historia y Arte pela Universidade de Granada em cotutela com o programa de Pós Graduação em Artes Visuais da UFRJ. Mestre em História Política e Bens Culturais pela Fundação Getúlio Vargas – RJ (CPDOC, 2018). Atualmente é pesquisador/redator da Enciclopédia Itaú Cultural, já tendo publicado textos em livros e periódicos nacionais e internacionais (Portugal, Espanha e EUA). Em 2019, participou do Programa Imersões Curatoriais da Escola Sem Sítio (Villa Aymoré/RJ) e da Formação EntreOlhares realizada pelo Instituto Itaú Cultural. Realiza gestão de coleções privadas, acompanhamento artístico e leitura de portfólio (Feira Oriente – RJ). Já desenvolveu diversos projetos curatoriais na Procuradoria Geral do Estado, Galeria Gustavo Schnoor, Galeria A Gentil Carioca, Villa Aymoré e Centro Cultural Light. Pesquisador do Grupo de Pesquisas Paisagens Híbridas da Escola de Belas Artes, UFRJ. Autor do livro Inscrição e Corporeidade: Butler e Kafka, uma aproximação (2016) pela Editora Paisagens Híbridas. Atua nas áreas: História da Arte do séc. XX-XXI, Pensamento Decolonial, Historiografia da Arte e Estética Contemporânea.
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